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Olá querido ouvinte, nesta semana Guilherme Andrade trás mais uma crônica para o Remix. O texto da crônica está logo abaixo. Deixe nos comentários sua opinião sobre o assunto, envie suas críticas e mande sugestões sobre novos temas. Esperamos que aproveitem, até a próxima semana. Músicas da Playlist: Hey Ya! - Outkast. Uptown Funk - Mark Ronson ft. Bruno Mars. Bora ouvir!!! Ídolos Música: Hey Ya! Zapeando pelo Youtube acabei encontrando algumas músicas que não ouvia há bastante tempo. Com a implementação dos algoritmos de busca, muitas vezes o site fecha um mundo publicações em torno das nossas últimas pesquisas. Por ser um momento eleitoral tenho visto bastantes entrevistas, consequentemente é o que mais aparece como indicação para mim. Nessa busca por coisas diferentes e vídeos em alta, surgiu uma música do OutKast, banda que fez sucesso nos anos 2000, esta me lembrou a Hey, Ya!, que está tocando neste momento. Lendo a tradução da música, coisa que eu não havia feito em todos esses anos, pude perceber que trata-se de uma grande crítica à classe artística e aos fãs maníacos. Durante o início da música é dito que a pessoa está em um dilema amoroso, tem uma garota que o ama, mas não tem certeza disso, pois de certa forma ela não demonstra, parece manter a relação apenas por conveniência. Uma música melancólica, de amor não correspondido, porém tudo isso é cantado num ritmo dançante que para quem não entende a letra, como eu que não falo inglês, passa despercebido, você se anima loucamente, dança e canta uma história de tristeza e falta de amor. Quando no refrão ele diz que ninguém quer ouvir, pois querem apenas dançar, vejo que o próprio artista entende o que o público espera dele. A personalidade de um artista é algo muito interessante, geralmente são excêntricos, gostam de atenção e buscam se destacar, seja se expressando ou até mesmo se vestido de forma não convencional, alguns gostam de tatuagens, outros vivem nas redes sociais publicando tudo o que fazem e arrastando milhares de seguidos pela web. No meu entendimento a pessoa já nasce artista, é um sentimento, ou dom que é nato. A necessidade de se expressar muitas vezes custa caro para essas pessoas, pois quando não se é entendido ou quando não querem te entender tudo perde o valor e sentido. Um dos pontos que mais influenciaram Os Beatles a pararem de fazer show e turnês foi seu público maníaco e ensandecido, que gritava tanto durante as apresentações ao ponto de a própria banda não se ouvir, o cara que tocava bateria não ouvia seu próprio instrumento. Diz a história que um dia conseguiram se ouvir durante um show e perceberam que estavam tocando totalmente fora do ritmo, mesmo assim o público ia ao delírio apenas por serem quem eram, o ingresso já valia seu preço apenas por ver o quarteto mais pop da música em cima de um palco. Para mim uma forma de expressão se torna arte quando ela faz sentido para mim ou para alguma outra pessoa, ou seja, uma flor desenhada em um papel A4 por uma criança qualquer de 3 anos talvez não seja arte para mim nem para o resto do mundo, agora se essa mesma criança é um filho meu ou alguém especial para mim, esse mesmo desenho passa a ter um outro significado, e quanto mais significado é agregado a isso, mais próximo da arte algo tão simples pode chegar. Tudo está no valor que damos às coisas. Um poema pode não ser uma arte, mas se é declamado para a pessoa que o inspirou pode passar a ser. Penso que a arte gera questionamentos e emoções, o restante é entretenimento. Música: Uptown Funk Um sábio um dia me falou que amor não enche a barriga. Pensando por um lado racional ele está muito correto, o dinheiro é o regente do nosso mundo e por isso precisamos dele, inclusive os artistas. Algumas lendas sobre dragões dizem que eram seres mitológicos atraídos pelo ouro e por pedras preciosas, coisas brilhantes e belas. Os dragões invadiam lugares, queimavam tudo e levavam tudo o que queriam para suas cavernas, e lá deitavam e descansavam sobre seu tesouro. O dragão é um dos símbolos da ganância e da vaidade, ou você já viu algum dragão feio? São sempre esplendorosos, magníficos e imponentes, causam medo só por sua presença, emanam respeito e temor. Dragões são solitários, pois os outros seres não os compreendem, ninguém tenta ir à caverna do dragão pra trocar uma ideia, que me lembro só o Bilbo lá na história dos Hobbits, mas ele tinha um plano por trás disso tudo. Condicionados a uma vida de solidão e incompreensão, dragões tentam capitalizar toda a riqueza que está ao seu alcance, talvez numa tentativa de dizer, vocês não me entendem, mas eu tenho tudo o que vocês mais desejam. Artistas muitas vezes almejam o sucesso para se mostrar, eles têm consciência do que o público quer e dão isso de bandeja, em troca de toda a riqueza que você possa ter. Chegam ao estrelato, dão entrevistas em todos os veículos de fofoca e compram tudo que o dinheiro pode. No fim dessa ascensão dizem que o dinheiro não compra tudo, pois a felicidade não tem preço. Os pobretões como eu que nunca experimentaram tal fortuna dizem que o famigerado dinheiro pelo menos ajuda a sofrer em Paris. Acho interessante como essa conta nunca fecha, o artista quer reconhecimento por sua arte, o público quer um artista para amar, as pessoas não querem amar a arte, elas querem amar o artista, a balança nunca se equilibra. Se o cara é autoral e foge da indústria cultural não terá sucesso, se ele abre mão da sua verdade provavelmente se arrependerá amargamente no futuro. Viver da arte não é algo fácil, capitar a admiração popular é um desafio custoso, o público muitas vezes não se importa com o conteúdo apenas com o que é mais popular, a modinha do momento. Quantos aplicativos de smatfones surgem e se somem em menos de um ano? Qual foi o grande sucesso do verão que você não se lembra mais? Público é como zumbi em busca de carne fresca, se você já assistiu The Walking Dead, por exemplo, já deve ter percebido que às vezes um zumbi mata uma pessoa e antes do sangue parar de escorrer ele já levanta para atacar outra que chamou sua atenção. Como você que ouve esse podcast é uma pessoa muito bem informada, que busca algo diferente, não tem preguiça de pesquisar e provavelmente não se conforma com o padrão de conteúdo disponível no main stream, já deve ter percebido que eu dei uma boa volta com essa história toda. Falei de artistas, dragões e até zumbis. Eu gosto de fazer analogias para as coisas, eu sou formado engenheiro e dou aula para turmas de engenharia e áreas afins. Estudar e ensinar esses conteúdos são coisas que dependem de um desprendimento de ideias, ou seja, a pessoa precisa se libertar das amarras impostas desde o ensino básico, pois aqui os conceitos são muito abstratos. A analogia é uma boa forma de associar algo intangível a uma realidade mais palpável. Entenda que por trás de um sucesso sempre há um interesse, desde que começamos a falar de música no Papo de Calçada percebi que a história de grandes artistas que morrem à mingua se repete desde sempre, quem fica são as pessoas envolvidas nos backstages, os grandes produtores, os que fazem a roda viva girar. As ideias são o que permanecem, interpretes, atores, pintores, dançarinos, palhaços, podcasters, jornalistas, políticos, são apenas faces agradáveis, são embalagens bonitinhas para te vender o produto. A ideia é o que vai dentro desta embalagem. Toda essa volta que eu dei no texto, a música animadora no fundo e até mesmo os elogios que fiz ao meu público são para causar uma empatia e dar credibilidade ao que eu estou falando. Assim, você com seu ego amaciado terá muito mais vontade de me ouvir e aceitará com mais facilidade o que eu te disser. Existem táticas de discurso e formas de abordar cada pessoa de acordo com a posição que você ocupa e com a personalidade do seu alvo. Pessoas são tão fáceis de dobrar quanto uma folha de papel, em alguns momentos elas até se rasgam por você, basta dar o comando certo. Links de Acesso: https://papodecalcadapodcast.blogspot.com.br/ https://facebook.com/papocalcada/ https://twitter.com/papocalcada/ https://mixcloud.com/papocalcada/ E-mail: papocalcada@gmail.com Feed do Podcast