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“O tempo não para e, no entanto, ele nunca envelhece”, observa Caetano Veloso. 

Nessa mesma música, ele vê um menino correndo, e assim vê o tempo brincando...

Sem que o tempo lhe permita parar, vê uma mulher preparando outra pessoa. E comprova: o sol atravessa essa estrada que nunca passou.

Vê que quem conhece o jogo das coisas que são ‘é o sol, é o tempo, é a estrada, é o pé e é o chão’.

E uma força estranha o leva a cantar... 

Magnífica poesia!

Será o Espírito dado ao homem como o tempo?

O caminho de um, o reflexo do outro?

O tempo usa como veste a matéria; o Espírito também, diferenciando-se apenas em nível vibratório.

E o homem, quem ele é? 

O homem acumula vivências; as lições ficam. 

O tempo seria para o homem como uma floresta, um emaranhado de experiências, e o Espírito como uma clareira, a liberdade da plena luminosidade. 

“Existirmos: a que será que se destina?” pergunta Caetano, em outra composição.

É seguro dizer: o destino do homem é abandonar a floresta e abrir mais e mais a clareira.

Seria o tempo para o homem uma prisão provisória?

Pois quando chega a morte, ele começa a se desfazer de roupas usadas, para, em seguida, ganhar roupa nova. Assim, gira de uma vida para outra. 

Nisso reside o mistério da vida e da morte, sempre a desafiar a compreensão humana.

É possível escapar dessa roda, vencendo a morte?

Sim! Justamente mediante a “força estranha” mencionada por Caetano, o Espírito torna-se novamente ativo, a saudade que leva à união do humano com o divino.

O Espírito, passo a passo, aproxima-se e conecta-se com o homem errante, que, assim, liberta-se da prisão no tempo e cumpre finalmente o seu destino.

Imagem: Filho Garoto Dragão O Vôo do - Cocoparisienne -Pixabay