PARTE 2
O coração sagrado no antigo Egito
O símbolo do coração para os egípcios era a árvore Persea (abacateiro). A forma em pera
de seu fruto, e especialmente a de seu caroço, lembram a forma do coração. Em algumas ilustrações, o fruto do abacate é encontrado na cabeça de Ísis, a mãe de Hórus, onde o fruto está cortado ao meio e o caroço semelhante a um coração pode ser visto em sua
totalidade.
No antigo Egito, o sol servia como uma orientação abrangente. Seja na arquitetura ou na preparação de alimentos, os princípios e instruções de Rá, o deus sol, sempre foram honrados e seguidos. O coração (Ab) também era visto como um órgão de percepção
espiritual e o assento do discernimento. Hórus, que em um caminho de transformação se tornou uno com o deus sol Rá, era chamado de governante do coração. Isso aponta para a conexão entre o coração e o sol. Assim como o sol está no centro de nosso sistema solar, o
coração está no centro do corpo humano. Essa posição central por si só eleva tanto o sol quanto o coração a um santuário, a um templo de onde a fonte da vida jorra.
A conexão entre coração e alma forma uma unidade divina (Ba) no ser humano. Essa unidade é imortal segundo a sabedoria egípcia antiga: Ba permanece mesmo após a morte de um ser humano. O coração então desempenha um papel decisivo. Anúbis, o deus do
reino dos mortos, tem a tarefa de pesá-lo. Ele o coloca na balança, contrabalançado por uma pena de Maat, a deusa da verdade e justiça. O coração não deve ser mais pesado qua pena. Disso depende o destino do falecido.
Cada vez mais pessoas na Terra deveriam se dedicar a esse trabalho com o sol, pois apenas o amor e a luz transformarão a humanidade.
Omraam Mickael Aivanhov
O Sol – Coração do Cosmos Solar
Em sua obra Sun Yoga, Omraam Mickael Aivanhov apresenta uma nova cultura baseada no sol, na qual a fraternização de todos os povos se torna possível. Ele ensina que as pessoas que focam sua atenção no sol espiritual, em Tiferet, o centro do corpo solar, ao mesmo
tempo se aproximam de seu próprio centro, seu sol interior. Através da união com o sol, o ser humano gradualmente se torna como ele. A concentração no sol permite-lhe usar todos os seus pensamentos, desejos e energias para a realização do ideal mais elevado. Aquele
que trabalha para superar as muitas forças pelas quais é puxado para lá e para cá, a fim de uni-las em uma única direção cheia de luz e salutar, torna-se um ponto focal poderoso que pode irradiar pelo espaço. Sim, se o homem dominar as forças de sua natureza inferior, ele
pode – como o sol – distribuir suas bênçãos para toda a humanidade. Ele vive em tal liberdade que sua consciência se estende à humanidade. Esse estado o coloca em uma posição de oferecer a todos a abundância de luz e amor que irradiam do sol. Seu coração é
o representante do sol cósmico.
O desejo do sol de se doar dá origem – na visão de Omraam – à luz e ao calor. O pequeno sol, o coração puro, assim como o grande sol, conhece apenas um objetivo: ajudar, apoiar, nutrir, fornecer, elevar e curar. Ele está cheio, unicamente, do pensamento de se mostrar altruísta, generoso e amoroso.
Cristo – Mistério do Coração
Desde tempos imemoriais, pessoas e grupos gnósticos seguem seu coração espiritual. Para os bogomilos – um movimento espiritual na Idade Média – o “sangue vivo de Deus” fluía para o coração humano purificado para criar a forma da alma imortal do ser humano. A cruz vibrante no coração espiritual representa o acesso suprassensível que leva ao Graal – ao cálice no qual o “sangue divino” é recebido. O coração puro se espiritualiza nesse processo.
Ele busca a conexão com toda a humanidade por um lado e com o Espírito Santo por outro.O pequeno sol interior se assemelha ao grande sol. O grande se mostra no pequeno.
Christos, o ungido, é, na visão gnóstica, o coração original do cosmos solar, que se manifesta continuamente como uma trindade de vida, luz e amor. Por isso, é aconselhável sair dos labirintos intelectuais do cérebro e dirigir a atenção ao coração, pois ali está
escondida a fonte da vida, o “poço de água no deserto”. Quem puder liberar o poder de Cristo em seu coração pode compreender profundamente a sabedoria da vida eterna.
O professor de sabedoria búlgaro Peter Deunov aponta que na pequena semente está escondida toda a vida. O Criador colocou o desenvolvimento futuro na semente: na daárvore, a vocação para se tornar uma árvore; na do ser humano, a vocação para se tornar um ser humano. No fundo do coração de cada ser humano repousa a centelha divina do Espírito como uma semente. De acordo com a sabedoria Rosacruz, a ideia e a estrutura do ser humano original e perfeito estão contidas ali. O campo ao redor deste centro espiritual, que também envolve o ser humano material, é chamado de "microcosmo";. Parte da sublime missão de um ser humano é reavivar a alma original a partir da centelha do Espírito. Isso é feito com a ajuda do poder de Cristo, o poder do sol espiritual. Isso leva ao "renascimento
da Água e do Espírito"; (João 3,5). Os Rosacruzes falam de uma "transfiguração" e descrevem a fusão da alma original com o Espírito como um "casamento alquímico" É o caminho cristão de iniciação que começa no coração. Lá, a divindade imanente do ser humano se torna reconhecível, ajudando-o a se transformar e a passar pelo "portão estreito" rumo à imortalidade.
Photo: Herz-Ruth Alice Kosnick CCO