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Sei que procurei por você desde meu primeiro sopro de vida Nunca parei de buscar.

Minha alma nunca esqueceu: você sempre falava comigo desde o dia em que abri os olhos para a luz deste mundo. Aos poucos, já não conseguia escutar.

Fui me esquecendo dessa voz, desse sussurro que foi ficando cada vez mais distante.

Foram surgindo outras vozes:

prepotentes, impetuosas.

E eu as segui no labirinto das vivências.

Órfão de Pai e Mãe. Sozinho.

No abandono – que procurei preencher de todas as maneiras possíveis. Mas nada conseguia tomar o seu lugar.

Procurei por você

como um cervo aspira pela água pura da fonte:

queria aplacar minha sede na sua fonte.

Eu o chamo de “Deus”

porque os homens me ensinaram a lhe dar esse nome,

mas não conheço seu nome.

Não sei o que sei.

Não sei o que você é.

Não sei quem você é.

Não consigo compreender você.

Apesar de tudo, continuo buscando.

Apesar de tudo, meu coração o conhece.

Aprendi a contemplá-lo na Vida.

Tentei sondar sua força, suas forças.

Tenho sido arrogante em meu desejo de conhecê-lo,

a ponto de querer tomar o seu lugar.

Eu queria ser como Você. Eu queria ser Você.

Minha alma nunca se esqueceu da origem dela:

sempre falava comigo e me fazia sentir

uma nostalgia profunda.

Agora, humildemente, gostaria de dizer

que não precisa desconfiar de mim.

Não quero possuir você.

Não quero forçar nosso encontro.

Não quero chegar até você

por vias indiretas, com truques.

Quero que volte a morar em meu coração: eu o preparei para receber você.

Estou esperando.

Imagem: mnega16 PCCO Pixabay