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"Dom Quixote" (1605/1615) - Miguel de CervantesAlonso Quixano, fidalgo manchego, perde a razão lendo romances de cavalaria e torna-se Dom Quixote de La Mancha, cavaleiro andante acompanhado pelo escudeiro Sancho Pança. Cervantes estrutura a obra em duas partes: aventuras iniciais onde Dom Quixote transforma a realidade através da imaginação (moinhos viram gigantes, estalagens tornam-se castelos), e uma segunda parte metaficcional onde os protagonistas enfrentam um mundo que já conhece suas aventuras. A narrativa desenvolve a relação dialética entre idealismo quixotesco e pragmatismo sanchesco, explorando a tensão entre sonho transformador e realidade prosaica. A obra culmina na morte melancólica do protagonista, que recupera a razão apenas para renunciar às aventuras cavaleirescas.

"Hamlet" (1603) - William ShakespeareO príncipe Hamlet é visitado pelo fantasma do pai, que revela ter sido assassinado pelo irmão Cláudio, agora rei casado com Gertrudes. Confrontado com a ordem de vingança, Hamlet mergulha em crise existencial, fingindo loucura enquanto busca confirmar a revelação. Shakespeare desenvolve a ação através de artifícios teatrais: a peça dentro da peça para testar Cláudio, o assassinato acidental de Polônio, a loucura e suicídio de Ofélia. A tragédia culmina no duelo manipulado entre Hamlet e Laertes, resultando na morte dos personagens principais. A obra explora a paralisia da ação diante da incerteza moral e a impossibilidade de conhecimento absoluto sobre questões existenciais fundamentais.

"Os Irmãos Karamázov" (1880) - Fiódor DostoiévskiA morte violenta do patriarca Fiódor Karamázov reúne seus quatro filhos: Dmitri (passional), Ivan (intelectual ateu), Aliósha (noviço ortodoxo) e Smerdiákov (bastardo). Dostoiévski combina romance policial com romance de ideias, explorando diferentes respostas ao problema da existência de Deus. Dmitri é acusado do assassinato, mas o verdadeiro culpado é Smerdiákov, influenciado pelas teorias niilistas de Ivan. A obra desenvolve uma polifonia de perspectivas sobre fé, moralidade e sentido da existência através de diálogos e monólogos filosóficos que confrontam crença religiosa com ceticismo moderno.

Conexão Temática Central:As três obras exploram a busca humana por sentido em um mundo ambíguo, revelando diferentes estratégias para lidar com a incerteza fundamental da existência: a transformação criativa da realidade (Dom Quixote), a paralisia intelectual diante da dúvida (Hamlet), e o confronto entre fé e razão (Karamázov). Cada narrativa questiona a relação entre pensamento e ação, mostrando como os seres humanos constroem significado diante de um universo que não oferece respostas definitivas.