Neste episódio, ouvimos o segundo capítulo do livro Conversando com os Pais, de Donald W. Winnicott, baseado em duas palestras transmitidas pela BBC em 1955. O ponto de partida é um depoimento real: uma madrasta que se angustia por não conseguir amar o enteado. A partir desse relato, Winnicott mergulha em um dos temas mais delicados da parentalidade contemporânea: a complexidade das famílias reconstituídas.
Com sua escuta generosa e afiada, Winnicott desmonta o ideal das “boas mães” e expõe a densidade psíquica que atravessa as relações entre madrastas, padrastos e enteados. Ele reconhece que nem toda criança é fácil de amar, e que nem todo amor é imediato, instintivo ou simples. Mas também insiste que, mesmo no fracasso, há sentido. Que as histórias de dor, se partilhadas, podem produzir vínculo e transformação.
Neste capítulo, Winnicott fala sobre fantasias inconscientes, luto não elaborado, rivalidades imaginárias, culpa, medo e amor como construção. Discute a divisão infantil entre figuras boas e más, muitas vezes projetadas na mãe verdadeira e na madrasta, e mostra como essas fantasias persistem, mesmo na vida adulta. A madrasta perversa dos contos de fadas não é invenção gratuita: ela ecoa conteúdos profundos e reais da experiência psíquica.
A beleza deste episódio está na recusa de respostas prontas. Winnicott não oferece fórmulas. Ele oferece pensamento. E, sobretudo, oferece escuta: à criança, à madrasta, ao padrasto, e a todos que, por amor ou destino, habitam esse território emocional instável que é o de cuidar de um filho que não é seu.
Leitura por Alexandre Spinelli Ferreira
Julho de 2025
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Palavras-chave integradas para indexação:
Donald Winnicott, psicanálise, madrasta, padrasto, parentalidade, amor não espontâneo, culpa, ambivalência, vínculo afetivo, infância, inconsciente, família reconstituída, desenvolvimento emocional, contos de fadas, mãe suficientemente boa, BBC, livro Conversando com os Pais.