Uma das coisas mais bonitas de ter mais de um filho é observar como eles constroem a relação entre eles. saborear uma amizade tão intima e tão intensa. Estudei muito pra entender como eu, mesmo de fora dessa relação, poderia criar o ambiente favorável para essa semente florescer.
Entre o riso de cumplicidade e a unhada de ódio pelo brinquedo roubado cabe nossa humanidade toda.
São altos e baixos, fundos e rasos que permeiam esse amor-odio-amor. Essa ligação, que é tão espiritual, se apresenta na carne muitas vezes em formas de abraços apertados, de chamego gostoso e de mordidas doloridas.
Conduzir essa relação colocando limites necessários, sem influenciar demais nem atrapalhar o processo é uma arte. E precisamos lembrar que nessa relação nós, pais, somos na maior parte das vezes, expectadores. Outras, margem e limite para que os sentimentos não cheguem a excessos perigosos.
É preciso lembrar todos os dias que não cabe a nós sermos os juízes dessa relação. Nomear culpados e vitoriosos, o certo e o errado, só vira lenha pra mais fogueira. É preciso deixar o ego e nossos próprios traumas e injustiças sofridas de lado para olhar, com ternura, a relação que se constrói nas entrelinhas. Entre uma brincadeira e uma briga.
É preciso deixar o nosso ego de lado para conseguir acolher de verdade. Pra não forçar um pedido de desculpa que é só pra inglês ver. Pra não rotular. Como sempre, percebo que nesse papel de mãe, o mais difícil não é entender o que precisa ser feito. Mas ter maturidade e presença pra deixar de lado a própria história, as próprias mágoas para então fazer o que é certo. Porque não é sobre a gente. Não é sobre repetir histórias e comportamentos.
É sobre abrir caminho para que novas histórias possam ser contadas. E essa abertura só acontece pelo amor. Jamais pela dor.
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Ana Marquez é brasileira de nascença e cidadã do mundo por chamado da alma. Nascida artista, crescida administradora e comunicadora, Ana nunca quis ter filhos; hoje é apaixonada pela Julia e pelo Arthur, estudiosa e praticante da Educação Respeitosa. Depois de anos sem ter um hobby, decidiu compartilhar com o mundo sua jornada na contribuição pra um mundo melhor através da criação de uma geração de pessoas mais amorosas, conscientes, e iluminadas.
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