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IMR - Sede Nacional - 16/02/2020 | Pregação - Matheus Viana

O Cristão ateu

Texto: Salmos 14 : 1

Ao lermos este texto, principalmente a parte que diz: “Deus não existe” (“Não há Deus”, em outras traduções), pensamos, de forma automática, no ateísmo que fundamenta a sociedade secular atualmente. Ou seja, o intento, que teve sua origem na revolução francesa de 1789, de construir um novo homem (virtú) e, consequentemente, uma nova sociedade completamente apartada da religião judaico-cristã. Em outras palavras: de Deus.

Contudo, precisamos considerar o fato de que a expressão ‘ateísmo’ possui sentidos diferentes, embora seu significado permaneça o mesmo (negar Deus), dependendo do contexto em que ela é aplicada. No século V a. C, Sócrates foi julgado e condenado pelo governo ateniense como ateu, pois ele não considerava a “existência” dos deuses contemplados pela mitologia grega. Também foi acusado de perverter a juventude ateniense através de seu método de ensino: o maiêutico.

Nos séculos II e III d. C, os cristãos foram chamados e acusados pelo império romano - muitos foram martirizados - de serem ateus por dois motivos: 1 - não criam na existência dos deuses contemplados pela mitologia romana e 2 - por não considerar o imperador como uma divindade. 

Mas o ateísmo ao qual o salmista se referiu foi em relação ao único e verdadeiro Deus, o criador de todas as coisas, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó que se revelou a Moisés como YHWH (Êx 3:14) e que é citado na oração do Shemá Israel (Dt 6:4-5, Mc 12:28-30). Este ateísmo se divide em dois: o consciente e o inconsciente.

O consciente é o que vemos hoje, que tenta se estabelecer por meio do Estado Laico. No entanto, quando os ateus pleiteiam o Estado Laico, não consideram seu significado original, preconizado por Agostinho de Hipona em seus livros: A cidade de Deus e a cidade dos homens, que é o que permite a pluralidade, atividade (desde que não intente contra a vida humana) e influências religiosas. Mas pleiteiam, por ignorância ou cafajestagem, o significado de Estado ateu, ou seja, um Estado sem a influência e exercício da religião. Contudo, além de isso ser impossível, pois o ser humano é religioso por essência (O Estado ateu é, por definição, materialista, e o materialismo é uma religião travestida de ideologia), os ateus querem, na verdade, a destruição da religião judaico-cristã. Ou seja, Eles querem destronar Deus e colocar qualquer coisa no lugar. De preferência que seja o próprio homem.

Há muito para falar deste ateísmo consciente, mas o alvo desta reflexão é o ateísmo inconsciente. Que é aquele em que um indivíduo, embora confesse ser cristão, nega a soberana vontade de Deus em algumas áreas de sua vida. Ou seja, vive como se, de certa forma, ela não existisse. É o cristão que, embora conheça a Palavra de Deus, não se submete a ela na totalidade de seu ser. Quando fazemos isso, estamos, na verdade, dizendo que “Deus não existe” de outra forma. Pois quando negamos Deus e a Sua Palavra de determinar a nossa forma de pensar, sentir e agir, estamos praticando o ateísmo inconsciente.

A Bíblia nomeia quem pratica o ateísmo, consciente ou inconsciente: Tolo. Jesus definiu o que é ser tolo em Seu sermão da montanha (Mateus 7:24-27). Tolo é aquele que não constrói sua casa na rocha, como o prudente. Isso significa que o Tolo é aquele que, embora conheça a Palavra em sua mente, não deixa seu coração ser permeado por ela de modo a submeter sua vida e sua família (que a Bíblia chama de ‘casa’, vide Josué 21:45) à Palavra de Deus. Tolo é aquele que ouve a Palavra de Deus, mas não a pratica (Cf. Tiago 1:22). Como podemos ver, tolice leva ao ateísmo.