Acredita-se que o choro, na condição de expressão de dor física ou psicológica, surgiu antes mesmo da fala. Não tendo desenvolvido ainda a linguagem, os humanos precisaram criar uma forma de comunicar seu incômodos, como método de sobrevivência mesmo. Assim, desenvolvemos a habilidade de chorar para demonstrar dor e pedir ajuda. Mas o choro é um fenômeno também social, e cada sociedade desenvolve hábitos diversos com relação ao ato de chorar.
Como já dissemos em episódios anteriores, vivemos um momento histórico que não nos permite vivências de dor, inseridos numa cultura de positividade e de anestesia. Mas é necessário, especialmente em tempos de tensão e isolamento social, fazer contato com os próprios sentimentos e aprender a olhar pra dentro. O choro é uma forma de diálogo e expressão, e o que não sai da gente pela via lacrimal tende a buscar outras formas de vazão, como a agressividade ou um excesso de reclamações, por exemplo.
Sabendo de tudo isso, queremos entender porque ainda temos tanta dificuldade de aceitar nossas dores. E queremos propor a liberdade ao ato de chorar.
Bem organizadinho todo mundo chora
Participações especiais do estudante de filosofia Giovanni Novelli, do médico Luís Vilela, da arquiteta Fernanda Linero e da advogada Wal Dal Molin