Parte da jornada é o fim
É, eu lembro de ter dito isso no último episódio que eu gravei há um tempo, e lembro também de pensar em não gravá-los mais, é verdade. Mas então lembrei que tudo isso será apenas história algum dia. E nossas fotos, minha voz, se tornarão velhas fotografias amareladas no canto de um sala que eu nem sei onde fica ainda. E um dia todos nós nos tornaremos mãe ou pai de alguém. Mas de alguma forma, agora, exatamente agora, esses momentos não são histórias. Minha voz não é.
E nesse tempo que tive distante pude perceber assim como descreve Marta Chaves, que essas minhas fugas são rápidas e severas. Pois onde não estou, tu não existes. Pra mim, escrever esse podcast, gravá-lo, musicar e por fim ouvir é como morrer, é desabar: ensinar a cair como quem voa por aí, sem destino, ou lugar, sem hora de chegada ou de partida. Voa, pois tudo que sabe é voar. José Tolentino Mendonça dizia que: “Pois aquilo que por palavras nos está oculto, no silêncio crepita em intimidade.”
