O poema “Monólogo de uma sombra”, reunido na reedição do livro de Augusto dos Anjos (1884-1914) Eu e outras poesias em 1919, representa bem o conjunto de sua obra. Caráter original e paradoxal, formada entre o contraste e a hipérbole como pilares de sua expressão. Um texto com vocabulários físico, químico e biológico que resulta no “mau-gosto” de algumas palavras rebuscadas e científicas: cientifista-naturalista. Quanto à semântica: abarca a dimensão cósmica e a angústia moral, canta as misérias da carne em putrefação. Quanto à forma: são quartetos de decassílabos com rimas ricas, palavras raras e esdrúxulas. “Disse isso a sombra”, conclui seu monólogo evolucionista que denota a postura existencial do poeta, a angústia funda, letal, ante a fatalidade que arrasta toda carne para a decomposição.
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