“O jogador generoso” é um dos Pequenos Poemas em Prosa (1869), de Charles Baudelaire (1821-1867) e pauta-se no famoso vender a alma para o diabo. Mas o interessante é que o narrador da prosa poética trava uma amizade bastante sincera e para o qual brinda “à vossa imortal saúde, bode velho!”. É na rua que o personagem-narrador encontra o tinhoso. Em poucas linhas, ambos chegam juntos a uma morada subterrânea. O fato de descer escadas, simbolicamente na literatura, tem a ver com o lado obscuro, com o gótico, com o horror. Contudo, o narrador não sente medo, ao contrário, sente-se inebriado pelo luxo e por tudo que o rodeia. O poema em prosa de Baudelaire atenta para a desembocadura do jogo, o quão fundo se pode chegar, em relação a esse vício. Pelo tom sarcástico baudelairiano, se nota que a história é mais uma crítica social, do que um conto de horror. É mais uma leitura da arrogância e perdição humana, que um conto sobre crenças. O desfecho que não poderia faltar é a desenvoltura da venda da alma, do narrador, para o diabo, por ter perdido para este, no jogo. Mostrando-se um jogador tão generoso, o diabo roga boas intenções para com o perdedor, rende a ele todas as delícias e lisonjas que qualquer ser humano desejaria na vida, invocando que ele receberá tudo sem esforço. Enfim, “sua alteza” permite ao homem apenas vitórias e benesses, em troca de sua inevitavelmente perdida, alma. Boa leitura!
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