Listen

Description

Poética Ancestral

Minha poesia rompe silêncios que vêm de longe

Desde quando nos calaram a voz

E trazem dores que não são só minhas

Porque o que sou, eu não sou sozinha

E quando eu grito, é sempre por nós.

Eu sei que o racismo deve ter batido com bem mais força

Na pele da minha mãe, tias, avós

E várias outras que me guiam os passos...

Por elas minha poesia quer ser abraço

Afetos negados a tantas de nós.

E aos poucos esse meu verso que às vezes grita,

às vezes chora

Tem aprendido que sorrir e celebrar a vida

Também é resistir contra esse sistema genocida

Que quando não mata ou prende, chicoteia as costas.

De LGBTQs, mulheres, indígenas, empobrecidos, pretas...

De gente como nós!

E quando aponto a minha caneta, é para irem se preparando

Porque as minas estão se juntando

Os pretos se aquilombando

LGBTQ’s se organizando

E vai ser bem difícil não ouvir nossa voz!

Eu sou a voz da carne julgada de menor valor

De corpos tão silenciados

Desde a Colônia objetificados

Quando nos negaram tudo

Inclusive o amor.

E por mais que eu carregue um alvo no peito

Que a “bala-perdida” sempre ache a minha cor

Que o meu corpo seja sempre o suspeito

Eu me recuso a ser puramente dor!

Então “faço questão de botar no meu texto”

O que o Rincon já cantou:

“Pretas e pretos estão se amando”

E se ontem seguíamos chorando

Hoje e amanhã nós seremos calor.

E se o afeto é revolucionário

O afeto preto é bem mais, é salvador!

E Preta, se nós juntas somos imensidão

O nosso infinito é revolução

E por isso o meu peito batuca amor.