Queridos irmãos e irmãs!
No evangelho de hoje, João 16, 16 a 20, Jesus continua essa grande palavra, esse discurso de amor que Ele deu aos discípulos, durante a ceia, mesmo na noite em que ia ser entregue e hoje no evangelho que nós ouvimos hoje ele diz: “dentro de pouco tempo vocês já não me verão e mais um pouco de tempo e vocês tornarão a me ver”. E os discípulos começaram a comentar “o que que ele quer dizer com isso? Que pouco de tempo é esse? O que é que significa que ele vai ao Pai?” Para nós que lemos o evangelho hoje, a gente sabe que ele estava se referindo à Paixão, que esse pouco de tempo significaria a ressurreição e que esse vai ao Pai significa que ele é assumido por Deus que lhe dá uma vida nova.
Isso é compreender ao pé da letra que o Jesus falou. Mas os discípulos não sabiam o que ia acontecer e, portanto, não entendiam bem isso. E Jesus diz a eles: “vocês vão chorar, vão se lamentar, enquanto o mundo vai estar alegre”- o mundo que é o sistema, que é a sociedade dominante - “entretanto eu vou ver vocês de novo e vocês se encherão de uma alegria tão grande, que ninguém poderá tirar de vocês essa alegria”. Isso foi cumprido, isso foi realizado na tarde da páscoa, segundo o Evangelho de João. No domingo da Ressurreição, quando Jesus se deixa ver por eles naquela sala fechada e o evangelista diz: “o coração deles se encheu de uma alegria imensa”. Essa alegria que Jesus tinha prometido.
Pois é gente, o que está claro nesse Evangelho é que há uma oposição. Quando o sistema do mundo fica contente, quem é discípulo de Jesus deveria estar se lamentando e quando nós estamos alegres, o sistema do mundo não pode estar alegre, porque o interesse é contrário dele. Então se nós temos uma religião, uma instituição eclesiástica católica ou protestante, o que quer que seja, que está muito bem com o governo, que está afim do que está, que está tudo ótimo, tudo tranquilo, que se sente muito apoiada, que é que isso tem a ver com a proposta de Jesus aos discípulos? É preciso, gente, que a gente perceba que nós fomos chamados para ser permanentemente críticos. E aí alguém pode dizer, mas quando era um governo que se dizia de esquerda vocês não eram críticos. Éramos, sempre fomos, é para ser. Agora claro fazendo a distinção de quando a gente critica para melhorar ou quando a gente critica para mudar, para transformar, para derrubar e fazer uma coisa nova. É diferente. É diferente e não se trata só da dimensão política, se trata da dimensão social, cultural de todas as dimensões do mundo. É a profecia que Jesus pede de nós. Um grande abraço para vocês. Deus abençoe. Até amanhã
(João 16, 16 a 20). Marcelo Barros