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Metade por Arthur Novaes.

Que a força do medo que tenho

Não me impeça de ver o que anseio

Que a morte de tudo em que acredito

Não me tape os ouvidos e a boca

Porque metade de mim é o que eu grito

Mas a outra metade é silêncio

Que a música que ouço ao longe

Seja linda ainda que tristeza

Que a mulher que amo seja pra sempre amada

Mesmo que distante

Pois metade de mim é partida

Mas a outra metade é saudade

Que as palavras que falo

Não sejam ouvidas como prece, nem repetidas com fervor

Apenas respeitadas como a única coisa

Que resta a um homem inundado de sentimentos

Porque metade de mim é o que ouço

Mas a outra metade é o que calo

Que essa minha vontade de ir embora

Se transforme na calma e na paz que mereço

Que essa tensão que me corrói por dentro

Seja um dia recompensada

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso

Que eu me lembro ter dado na infância

Porque metade de mim é a lembrança do que fui

Mas a outra metade, não sei

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria

Pra me fazer aquietar o espírito

E que o teu silêncio me fale cada vez mais

Porque metade de mim é abrigo

Mas a outra metade é cansaço

Que a arte nos aponte uma resposta

Mesmo que ela mesma não saiba

E que ninguém a tente complicar

Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer

Porque metade de mim é plateia

A outra metade é canção

E que a minha loucura seja perdoada

Pois metade de mim é amor

E a outra metade também

Autor: Oswaldo Montenegro