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Nessa época difícil de reclusão e incertezas, dedico esse poema da querida Kely Paiva, na esperança de conseguirmos mudar nosso olhar para as coisas boas...

"Naquele dia que não rende

Naquele dia que não rende

Está o melhor, o ser

Está o descanso, a contemplação

Naquele dia que não rende

Vêm as lembranças

As melhores do viver

Das quais se sente saudades

Mas sem necessidade de reviver

Naquele dia que não rende

O que se reflete é a imagem

Imagem de amor e dedicação, filhos

Imagem de amor e paixão, amor

Como se fosse possível adjetivar amor

Naquele dia que não rende

Está o prazer do cochilo

Do telefonema inconcluso, sempre assim

Das fotos revistas

Dos diálogos naturais

Das palavras não premeditadas

Naquele dia que não rende

Está o gosto pelo gosto

A sabedoria do desgosto

O oxigênio das pequenas grandes coisas

A saudade dos presentes

Naquele dia que não rende

Está a primazia do Eterno

A reflexão sobre o que importa

A satisfação de cozinhar o próprio alimento

E de conversar com amigas

Naquele dia que não rende

A conversa que se diz “jogada fora” alimenta

As palavras podem sair pela boca

Ou ficar guardadas na mente

Ou no coração para sempre se sentir

Naquele dia que não rende

O que rende sou eu

O que se rende sou eu

O que se renda é a trama de um cotidiano de serviço

Naquele dia que não rende

O que fica é a tranquilidade

O que sai pela porta é adulto

O que retorna é esperança

Naquele dia que não rende

O que rende é o ser

O descanso do corpo

O prazer pelo pequeno

Naquele dia que não rende

O que soma é saudade

É lembrança, é sabedoria

É tristeza e alegria

Naquele dia que não rende

O que se rende se rende

Ao que aparentemente não tem valor

E é o que verdadeiramente importa

Naquele dia que não rende

A lógica é outra

Ainda inconclusa

Como, de fato, a vida é”

Poema de: Kely Cesar Martins de Paiva

Livro: Olhares vividos olhares vívidos