Conversar com o Thomas Conti e o Pedro Hallal foi especial. Thomas tem 30 e o Pedro 40 anos, e ambos têm, além da formação acadêmica super sofisticada, a coragem intelectual que faz a diferença entre beletristas e transformadores. Ambos, infelizmente, só acertaram nas previsões quanto ao desenrolar da pandemia que anteviram em março e abril. O Thomas, economista, com seus modelos preditivos alimentados com premissas inteligentes, questionadoras e muito bem informadas, e o Pedro falando em nome da escola epidemiológica que conecta Londres com Pelotas desde 1982. Quando se vê a desinteligência na gestão da pandemia em Brasília e se tem talentos como o Pedro e o Thomas interessados em ajudar o país, fica difícil aceitar o saldo de excesso de mortes evitáveis que vemos acontecendo. Paradoxalmente, ouvir esses dois craques falarem da tragédia me deu ânimo positivo, pois, enquanto tivermos gente dessa qualidade investindo em fazer a diferença, continuarei acreditando que a mudança virá. PS: a tradição epidemiológica de Pelotas nasceu do doutorado de Cesar Victora e Fernando Passos, na London School of Hygiene and Tropical Medicine.