Foi uma conversa intensa e interessante, embora a aspereza do tema.
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Bruno é um especialista e, ao mesmo tempo, um generalista. Conhece as engrenagens da violência brasileira como um arqueólogo precisa conhecer o terreno em que pesquisa. A diferença é que o Bruno, ao mergulhar na violência brasileira, lida com pessoas vivas, algumas muito vivas, embora boa parte delas não assim permaneçam por muito tempo.
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Acho que consegui sentir um pouco do que move o Bruno. Dá para perceber que ele é atraído por temas duros, que a maioria dos pesquisadores prefere passar longe. Estamos falando sobre a violência industrializada, banalizada, tornada um modelo de negócio e de operação política ao mesmo tempo. Por isso também notei, e valorizo, a forma como ele se distancia para manter a lucidez, ainda que seja dentro da cena em que fala, por exemplo, com um matador profissional. Outra virtude do trabalho do Bruno é que mantém o foco, sem atropelar o ouvinte ou leitor com emocionalismos ou com juízos de valor que, afinal, cabe a quem o lê e escuta.
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Enfim, eu pretendia focar nossa conversa no interessantíssimo livro recém lançado pelo Bruno, “A República das Milícias”, que li logo antes de gravar esse episódio. Fizemos isso, mas invadimos outros temas e perplexidades mútuas que afligem nosso (o dele, o meu e o seu) presente e futuro.