O Brasil não está aproveitando de forma eficaz as testagens que são feitas para detectar a Covid-19 na população. Além disso, temos pouco ou nenhum planejamento no que diz respeito à estratégia de testes – um tema que foi amplamente abordado por especialistas de todo o mundo no início da pandemia, quando os casos cresciam a cada dia, como atualmente no Brasil.
Outro ponto falho nessas testagens está justamente na descentralização sobre seus resultados, uma vez que o registro dos testes realizados e o total de resultados positivos para Covid-19 estão distribuídos por três diferentes sistemas de informação do governo federal, que por vezes revelam sobreposições e inconsistências entre si: GAL, eSUS-VE e SIVEP-Gripe.
Toda essa avaliação faz parte de um estudo de pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação Científica em Saúde (Icict/Fiocruz) sobre os dados desses três sistemas, que foi publicado na Nota Técnica do Sistema MonitoraCovid-19, chamada de Cobertura e positividade dos testes para Sars-CoV2.
O MonitoraCovid19 é uma ferramenta online que permite averiguar o avanço da epidemia no Brasil – que também pode ser acessada por qualquer pessoa. Esse sistema integra dados sobre o novo coronavírus no País e no mundo com objetivo de oferecer um retrato em tempo real da doença.
Se a má utilização dos testes pode gerar um controle frágil da doença no País, um agravante é ter poucos testes. Só para efeitos comparativos: até o dia 12 de janeiro de 2021 o governo federal disponibilizou 20 milhões de testes entre RT-PCR e testes rápidos, mas a população brasileira nesta mesma data chegou a 212 milhões de pessoas. Isso quer dizer que temos menos de 10% de testes para o total de brasileiros.