Era uma casa muito engraçada, verde e amarela, só que azul. Pá, picareta e bola na cal. Tijolo dos times passados, o truque do bom batedor. Diz que é direita, mas bate com as duas. A prancheta que usa é de um velho treinador. Drible preferido? Caneta. Obra preferida? Qualquer. Joga pra torcida e cuidado, não perguntem de sua mulher. Não tinha teto a casa, fizeram, mas ele atrapalha a vista pro céu. O céu é um mar de votos, o teto já desabou. Deu briga, deu soco e, no chute, promete reforma, mas nada de gol. O ministro na casa, é só canelada. E o time precisa de um driblador. Quem patrocina não importa, já que a conta é do torcedor. Sobe a marcação, sobe a laje do novo Neymar. Pedala, pedala, e nada... nada do ministro acertar. Já tá dado, recebi no zap: vai ter que arrumar outro time pra jogar. E aí, outra casa pra morar.
Porque essa, engraçada, vai pegar fogo.
- Alô bombeiro, sinto cheiro de queimado.
- Sim, eu espero.
- Endereço?
- Esplanada dos Ministérios.
- Rua dos bobos.
- Número zero.