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Description

Mais um samba do passado, escrito como se pensado para agora se fazer. Só que deu foi o contrário, nada hoje é igual ao tempo em que se pôs a escrever. Sonhava com preço pouco, riso e “L’argent” no bolso. Partindo do pressuposto que o povo teria o que comer. É mato, carne de gato, pirão pouco e sem farinha. O sonho é lar de quem caminha e cada acorde um reerguer. Um muro por janela, cerca de arame. O batuque na cozinha da casa da madame, que nunca vai acontecer. E que o teto não se faça em furadeira, evita crime e goteira, cantou Geraldo Pereira, quer com a nega lá viver. Mas, do jeito que a coisa anda, Geraldo, fica difícil te dizer. Não que eu queira acabar com o seu dia, mas carne não é mato e não tem nada mais barato que o mercado ao qual se roga não venha encarecer. De certo mesmo, só o amor que tem por ela, o teu samba e a debandada que acabou de acontecer. É mais fácil ver os gatos lá do morro se acabando em gargalhada do que o fim desse sofrer. O povo todo tá cansado é dessa briga, mais que nunca conhecida, do viver-deixar-morrer. Peço que não perca a alegria, sua nega não merece, mas tem coisa que é pra ser. O ministro que comanda a economia, me parece, não tem como resolver. Sobe o morro, busca o teu, faz uma prece. E escreva outro samba pra sonhar tudo outra vez.