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Description

Pertinho de Brasília, tem uma fazenda.

O dono dela te desafia: se você conseguir comer uma jabuticaba de cada pé plantado em seu pomar, a fazenda é sua.

Tenta a sorte.

No centro de Brasília, está a Praça dos Três Poderes.

Lá também tem um pomar.

Uma árvore cega, teima e se faz de surda, muda fica e lava as mãos.

O congresso parece gostar é dessas aí, sabor de jeitinho brasileiro, bem graúdas.

Imagina você que, na fazenda, 42 mil pés produzem 420 toneladas de jabuticaba por ano.

No pomar Supremo, são só onze.

E produzem uma só, de quando em vez.

Daí, feito Adão e Eva, o paraíso é rebuliço.

Muita cobra criada e vacinada contra o pecado.

O fruto proibido é pra quem pode pagar.

O amargo suco de Brasil a gente não bebe, engole.

O golpe da fruta é fruto da gente, também.

Comeu a jabuticaba, não levou bronca de Deus.

Diz que veio do barro, duvido.

Sabe que vai pra lama, certeza.

A Carta rasgada, prato servido.

Tem caroço que não dá pra engolir.