Doutor, o governo joga, eu não quero escutar. Trajamos luto e bebemos crise. Bêbados estamos e o equilíbrio ainda é uma vertigem. A falta de respiradores seca o peito e já não há lonas armadas. Passei pelas praias da Ilha do Governador e estavam todas fechadas. Choramos as mortes sem despedida. Marias, Clarices, mãe gentil. Na ladeira onde desce o rolimã, há um buraco. Dentro dele sambam os convidados do churrasco – é coisa dos home - ao som do ronco dos arroubos de uma nostalgia senil. Bárbaros sem véu, como a namoradinha de um Brazil que não conhece o Brasil. País que tem fome. País que tem raiva. E que, diferente do Aldir, viciou-se na ilusão. Como viaduto, cai a tarde... e que não seja tarde demais para sair de onde estamos. Ainda é tempo de pedir perdão, mas, pra quê pedir se nós mesmos não nos perdoamos?