Em Brasília, não esqueces, nem esquinas. Diz o verso da poeta brasiliense Julianna Motter. O martelo do juiz é vacina contra a orgia, mas parece um placebo de enganar qualquer. Sobra discurso, falta leito. Intenção é diferente de vontade. O discurso está para as decisões que nos salvam como uma espécie de cloroquina. Seringa não tem. Agulha, também. Que dirá a tão esperada vacina. É que o calendário que salva, aos olhos de quem governa, é o do pagamento emergencial. Vencer a crise é ficar popular. Vencer a crise é ganhar eleição. No peito dos outros a dor da partida. No gogó só palavra mordida. No braço só porrada. Em Brasília, nem esquinas: não se dobre, não se cruze. Em Brasília, não esqueces: rir da morte é diferente de fazer rir com ela. Em Brasília, não esqueces: morriam à fora, postou um terno no salão. Ultraje de gala para comparecer ao enterro. Pra limpar o salão branco, digo: haja benjoim. Duas figuras, uma delas sem cabeça: qual dos dois é o manequim?