Listen

Description

Cinco anos se passaram desde que a bailarina Maria Glória Poltronieri Borges, de 25 anos, foi violentada e assassinada por asfixia em uma cachoeira de Mandaguari, onde tinha ido acampar, se conectar com a natureza e ter um momento espiritual. Magó, como era chamada pelos amigos e a família, era professora de capoeira e balé, tinha a força de um corpo atlético, mas não resistiu à violência que sofreu. O corpo foi encontrado cerca de dez horas depois do homicídio, com marcas roxas nos braços, ombro e cintura. O laudo do IML descreveu que Maria Glória lutou para se defender.

A jovem teve contato com um grupo de brigadistas que faziam treinamento no local. Esses brigadistas notaram, no fim da tarde de sábado do dia 25 de janeiro de 2020, que Maria Glória não tinha voltado da cachoeira e decidiram procurá-la. Mas foi a irmã de Maria Glória, Ana Clara, quem encontrou o corpo, no dia seguinte, em uma trilha.

Flávio Campana foi preso 40 dias depois, acusado de ser o autor do crime de repercussão nacional, mas ainda não tem data para ir a julgamento. Ele estava na mesma chácara que Maria Glória, no mesmo fim de semana, e foi identificado como suspeito de envolvimento no caso após a polícia ter acesso a uma foto em que ele aparecia e se destacava uma tatuagem. Primeiro, Campana negou que tivesse visto Magó no local, mas depois, material genético dele foi encontrado na roupa íntima e no corpo de Maria Glória. Ele alegou que fez sexo consensual com Magó e negou o homicídio.

Durante o interrogatório no Fórum de Mandaguari, após a prisão, ele ficou em silêncio. Campana é réu por feminicídio, estupro e ocultação de cadáver. Uma testemunha do processo acusa o homem de tê-la estuprado quando ela tinha seis anos de idade. o suspeito já foi condenado por estupro em 1998 e tem várias passagens por agressão as mulheres. A expectativa da família de Magó é que o acusado vá a júri popular, como explica o advogado Israel Batista de Moura.

Maria Glória foi eternizada na cidade onde vivia - na Praça de Todos os Santos, na Avenida Cerro Azul, em Maringá, o Teatro Reviver foi renomeado como Reviver Magó - foi ali que a bailarina se apresentou pela última vez ao lado da irmã. Em frente ao teatro, a escultura chamada Arte Madeixas de Magó, foi doada pelo artista Paolo Ridolfi, simbolizando seus cachos ruivos e livres que se tornaram símbolo de luta e resistência contra o feminicídio.