Despertar Um som líquido em meio ao vazio te faz abrir os olhos. A sensação é a mesma que despertar de um pequeno cochilo de almoço, o corpo sente um susto brusco que te faz respirar rapidamente e sentir o coração batendo rápido dentro aquilo que você sempre considerou como seu peito. Você não sabe exatamente o que é aquilo que respira, não parece ser oxigênio, mas sim algo ligeiramente mais espesso e de aroma adocicado. Seus olhos se abrem e você enxerga algo que sua mente interpreta como o céu, porém, diferente de todas as vezes que você ergueu os olhos, ali não existem nuvens, sol ou uma lua para serem contemplados. No lugar de tudo que lhe é comum, uma vastidão infinita de estrelas e manchas luminosas que mais parecem leite derramado sobre um piso escuro aparece. Seu corpo balança levemente e você nota que está com as costas pousadas em uma espécie de piso feito de um pano cinzento. Ainda imóvel e com a visão focada para o alto, você nota que as estrelas brilhantes e nebulosas de cores vivas estão se movendo devagar, se você não fosse tão perspicaz certamente não as veria passeando pelo infinito escuro do céu. A beleza daquele balé interestelar é tamanha que lhe hipnotiza e lhe faz querer erguer os braços e ir de encontro às luzes celestes. Novamente o som líquido lhe soa naquilo que sempre considerou como sendo seus ouvidos, nessa hora você levanta seu corpo colocando-o sentado. Sua atenção é tomada por outra coisa peculiar, só que, diferente das estrelas longínquas acima daquilo que você sempre considerou como sua cabeça, esta encontra-se ao seu lado. Encostando-se à sua perna, uma figura inocente é embalada pelo sonhos, o pequeno bebê aparenta estar completamente encharcado, entretanto, este não sente frio ou mesmo se incomoda com seu estado. O pequeno usa uma roupinha simples de pano que cobre apenas as partes íntimas e, onde deveria ser aquilo que você sempre considerou como umbigo, está um cordão umbilical partido. A estranheza lhe surge e antes de se afastar daquele ser, outro toque é sentido por aquilo que sempre foi considerado como sua pele. Desta vez o que ativa seu tato não é uma sensação úmida, mas sim a textura de pelos crespos. Ao encarar a figura você percebe que é um homem cuja idade aparenta ser bastante avançada. Ele também dorme profundamente e sua atenção logo nota certa dificuldade na respiração daquele sujeito, seu pulmão parece não se encher completamente o que o força a respirar mais vezes e em menor tempo. Com certa estranheza você se levanta completamente, ao fazê-lo outras pessoas lhe aparecem em estado de repouso contínuo. Cautelosamente, aquilo que sempre lhe foi considerado como pés, começa a se mover. Os espaços são curtos mas aos poucos seu caminho vai se tornando menos tortuoso. A medida que caminha a sola dos seus pés descalços sentem como se estivessem pisando em um solo aquoso e morno. Entre uma passada e outra você repara alguns picos circundando todo o lugar por onde caminha, no centro desse grande espaço circular existe uma espécie de torre com uma escada vertical que leva até o topo. Sua curiosidade lhe faz seguir adiante sem temer a altura alcançada. E a recompensa pela audácia logo lhe é dada. Acima dos imensos montes cujo topo é arredondado você enxerga algo magnífico... Um oceano de vastidão infindável cujas águas possuem inúmeras cores lhe aparece, estas refletem o que está acima com uma nitidez perfeita. Céu e mar não possuem divisão o que faz parecer que o infinito do universo acima está em todo os cantos, mas você sabe diferenciá-los devido aos movimentos sutis das ondas a sua volta. A sua esquerda você nota o mesmo barulho líquido que te trouxe até aquela realidade, mais que isso, é possível ver que uma ondulação localizada aparece. É como se uma pedra tivesse acabado de afundar naquele lugar.
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