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Sobre a proposta:

O convite deste espaço é uma travessia que faz fronteira com o inconsciente aberto: poesia é forma pura de diálogo e expressão da pessoa que escreve com o saber sobre o qual escreve. A poesia dá ao inconsciente um vínculo com o corpo da palavra. O saber criativo da poesia dá um lugar ao que se expressa livre pela metáfora. Ressoa e se apresenta como uma voz do inconsciente numa forma de linguagem.

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Sobre a autora:

Cecília Meireles nasceu no Rio de Janeiro, em 1901. Foi poeta e professora. Exerceu atividades docentes lecionando Literatura luso- brasileira e Crítica literária na Universidade do então Distrito Federal, no Rio de Janeiro.

Cecília Meireles faleceu em 1964, em pleno apogeu de sua atividade literária. Recebeu post mortem o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra. A editora Nova Aguilar publicou sua Poesia Completa num volume de 1.470 páginas.



Além de poeta, cronista, teatróloga e jornalista, Cecília também teve uma renomada carreira de tradutora, pelo que recebeu mais de um prêmio e reconhecimentos internacionais. Ela conhecia inglês, francês, italiano, russo, hebraico, tendo aprendido o sânscrito e hindi. Dentre as obras que verteu ao português, destacam-se as traduções de poemas de Rabindranath Tagore, pelo que recebeu título de Doutora Honoris Causa pela Universidade de Delhi na Índia, além de Charles Dickens, François Perroux, Alexandre Pushkin, Rainer Maria Rilke



Palavras da autora na Introdução aos Cânticos:

"Dize:

O vento do meu espírito soprou sobre a vida.

E tudo que era efêmero se desfez.

E ficaste só tu, que és eterno..."





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Cânticos:



XV

Não queiras ser.

Não ambiciones.

Não marques limites ao eu caminho. A Eternidade é muito longe.

E dentro dele tu te moves, eterno.

Sê o que vem e o que vau.

Sem forma.

Sem termo.

Como uma grande luz difusa.

Filha de nenhum sol.



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XVII

Perguntarão pela tua alma. A alma que é ternura, Bondade,

Tristeza,

Amor.

Mas tu mostrarás a curva do teu vôo Livre, por entre os mundos...

E eles compreenderão que a alma pesa. Que é um segundo corpo,

E mais amargo,

Porque não se pode mostrar,

Porque ninguém pode ver...