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O convite deste espaço é uma travessia que faz fronteira com o inconsciente aberto: poesia é forma pura de diálogo e expressão da pessoa que escreve com o saber sobre o qual escreve. A poesia dá ao inconsciente um vínculo com o corpo da palavra. O saber criativo da poesia dá um lugar ao que se expressa livre pela metáfora. Ressoa e se apresenta como uma voz do inconsciente numa forma de linguagem.

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Adélia Luzia Prado de Freitas nasceu em Divinópolis, Minas Gerais, no dia 13 de dezembro de 1935



1973, forma-se em Filosofia.Nessa ocasião envia carta e originais de seus novos poemas ao poeta e crítico literário Affonso Romano De Sant'Anna, que os submete à apreciação de Carlos Frumoond de Andrade.

Em 1975, Drummond sugere a Pedro Paulo de Sena Madureira, da Editora Imago, que publique o livro de Adélia, cujos poemas lhe pareciam "fenomenais". O poeta envia os originais ao editor daquele que viria a ser Bagagem. No dia 9 de outubro, Drummond publica uma crônica no Jornal do Brasil  chamando a atenção para o trabalho ainda inédito da escritora

Apresenta-se, em 1988, em Nova York, na Semana Brasileira de Poesia, evento promovido pelo Comitê Internacional pela Poesia. É publicado A faca no peito.

Participa, em Berlim, Alemanha, do Línea Colorada, um encontro entre escritores latino-americanos e alemães.

Em 1991 é publicada sua "Poesia Reunida".

Em 1993 volta à Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Divinópolis, integrando a equipe de orientação pedagógica na gestão da secretária Teresinha Costa Rabelo

Adélia costuma dizer que o cotidiano é a própria condição da literatura. Morando na pequena Divinópolis, cidade com aproximadamente 200.000 habitantes, estão em sua prosa e em sua poesia temas recorrentes da vida de província, a moça que arruma a cozinha, a missa, um certo cheiro do mato, vizinhos, a gente de lá..

Sua obra retrata o cotidiano com perplexidade e encanto, norteados pela fé cristã e permeados pelo aspecto lúdico, uma das características de seu estilo único.

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Momento

Enquanto eu fiquei alegre, 

permaneceram um bule azul com um descascado no bico, 

uma garrafa de pimenta pelo meio, 

um latido e um céu limpidíssimo 

com recém-feitas estrelas.

 Resistiram nos seu lugares, em seus ofícios, 

constituindo o mundo pra mim, anteparo

 para o que foi um acometimento: 

súbito é bom ter um corpo pra rir 

e sacudir a cabeça. A vida é mais tempo 

alegre do que triste. Melhor é ser.