No Reino de Deus, antes da ressurreição deve vir a morte. A vida eterna surge depois do túmulo, da mesma maneira que a primavera segue logo após o inverno. A chave é, devemos entender estes caminhos divinos e misteriosos e acreditar na palavra que promete vida durante a estação da morte. Jesus demonstrou este tipo de fé na cruz, quando disse: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! E, dito isto, expirou" (Lucas 23.46). Devemos fazer o mesmo. Deus deseja ver se vamos crer em Sua Palavra durante o tempo no deserto, quando Ele está nos despojando da nossa autosuficiência, antes de cumprir essa Palavra. Se crermos, esse tipo de fé nos dará a força para permanecermos leais a Ele – para obedecê-Lo – no deserto. Isso nos impede de murmurar, criticar, e de adorar outros deuses, bem como nos prepara para o prêmio da ressurreição – entrar na Terra Prometida.
Assim, a Palavra de Deus se torna a nossa fonte de alimento no deserto, pois o deserto em si não vai oferecer alimento espiritual para nossa alma cansada e faminta. O diabo virá durante essa fase difícil e vai apontar para as circunstâncias no deserto e insistir que as promessas de Deus falharam ou que entendemos errado. Entretanto, temos de resistir às suas tentações. Não devemos nos alimentar de nossas circunstâncias, mas devemos continuar a nos banquetear na Palavra de Deus, crendo e obedecendo, mesmo quando nos pareça um absurdo agir assim. Lembre-se: A razão pela qual Deus nos leva por uma rota de lugares difíceis é para ver se nós continuaremos a crer em Sua Palavra enquanto estivermos lá. É aí que crer na Palavra realmente conta. A Palavra é o nosso alimento no deserto.
Hebreus apresenta ainda mais uma reflexão sobre a Palavra para os cristãos no deserto. "Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração"(Hebreus 4.12). No início, este versículo parece meio fora do contexto. Afinal, o autor vinha discutindo sobre entrar no descanso de Deus depois de um tempo no deserto. "Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, segundo o mesmo exemplo de desobediência" (Hebreus 4.11). Aí, de repente, no versículo seguinte, ele menciona que a Palavra de Deus é mais penetrante do que uma espada de dois gumes e capaz de penetrar até os lugares mais profundos do coração humano.
A "Palavra" da promessa de Deus é um sopro de inspiração ao Seu povo, quando Ele a declara, no início, lá no Egito. Mas quando essa mesma Palavra declarada – "Terra Prometida", vai conosco até o deserto, ela se torna uma espada que revela as profundezas de nosso coração. As reais intenções do nosso coração só são reveladas quando as circunstâncias presentes contradizem a Palavra da promessa. Só então fica claro se realmente confiamos em Deus. Só então essa linha acinzentada e embaçada entre a alma e o espírito foca em uma linha clara e definida que separa as duas maneiras de se relacionar com Deus: em nossos termos (alma), ou nos termos de Deus (espírito). Em outras palavras, quando a Palavra da promessa de Deus está conosco no deserto, ela revela com precisão se somos verdadeiramente fieis a Deus, ou se simplesmente queremos o Senhor apenas para servir aos nossos próprios interesses.
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