Carta aos Hebreus 5,1-10
[1] Todo sumo sacerdote é tirado do meio dos homens
e instituído em favor dos homens nas coisas que se
referem a Deus, para oferecer dons e sacrifícios
pelos pecados.
[2] Sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e
no erro, porque ele mesmo está cercado de fraqueza.
[3] Por isso, deve oferecer sacrifícios tanto pelos
pecados do povo, quanto pelos seus próprios.
[4] Ninguém deve atribuir-se esta honra, senão o que
foi chamado por Deus, como Aarão.
[5] Deste modo, também Cristo não se atribuiu a si
mesmo a honra de ser sumo sacerdote, mas foi
aquele que lhe disse:
"Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei".
[6] Como diz em outra passagem:
"Tu és sacerdote para sempre, na ordem
de Melquisedec".
[7] Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces
e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que
era capaz de salvá-lo da morte.
E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus.
[8] Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a
obediência a Deus por aquilo que ele sofreu.
[9] Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa
de salvação eterna para todos os que lhe obedecem.
[10] De fato, ele foi por Deus proclamado sumo
sacerdote na ordem de Melquisedec.
Palavra do Senhor.
REFLEXÃO
O cristão pode manter-se firme nas provações porque
Cristo exerce em seu favor a função de Sumo
sacerdote diante de Deus.
O autor começa por apresentar as características do
Sumo sacerdote do Antigo Testamento: chamado de
entre os outros homens para intervir em favor deles
diante de Deus; capaz de compreender os homens,
porque, Ele mesmo, é homem; recebeu essa missão
do próprio Deus.
Depois, a começar pela última característica, demonstra
que Jesus é o único e o Sumo sacerdote da Nova Aliança:
escolhido por Deus, de Quem também é Filho, possui
um sacerdócio eterno; a sua misericórdia para com os
homens leva-O a oferecer-se a Si mesmo, apesar de não
ter pecado, abrindo o caminho da salvação eterna
para todos os homens.
Assim chegamos ao centro da Carta aos Hebreus, onde
o autor nos apresenta Cristo no momento em que
oferece ao Pai a sua vontade de partilhar o sofrimento
humano até à morte de cruz. Com ‘orações e súplicas’,
com ‘grande clamor e lágrimas’, realiza a oferta de Si
mesmo e agrada ao Pai pela respeitosa submissão
à sua divina vontade.
Então, o Pai torna-O ‘perfeito’, isto é, capaz de obter
a salvação para todos aqueles que acolhem
a sua Palavra.
É emocionante o modo como o autor da carta aos
Hebreus fala da humanidade de Cristo e da sua fraqueza.
A sua experiência de sofrimento ensinou-Lhe o que
significa para o homem a obediência a Deus enquanto
dura a vida terrena, o sacrifício e a dor que a fidelidade
a Deus lhe acarretam.
Por isso, está à altura de compreender os homens,
seus irmãos, e é capaz de solidarizar-se com eles.