Profecia de Miqueias 2,1-5
1 Ai dos que tramam a iniquidade e se
ocupam de maldades ainda em seus leitos!
Ao amanhecer do dia, executam tudo o que
está em poder de suas mãos.
2 Cobiçam campos, e tomam-nos com
violência, cobiçam casas, e roubam-nas.
Oprimem o dono e sua casa, o proprietário
e seus bens.
3 Isto diz o Senhor: "Eis que tenciono enviar
sobre esta geração perversa uma desgraça
de onde não livrareis
vossos pescoços; não podereis andar de
cabeça erguida, porque serão
tempos desastrosos.
4 Naquele dia, sereis assunto de uma alegoria,
de uma canção triste que diz:
'Fomos inteiramente devastados;
a parte de meu povo que passou a outro por
ninguém lhe será restituída; os nossos campos
são repartidos entre infiéis'.
5 Por isso, não terás na assembleia do Senhor
quem meça com cordel as porções
consignadas por sorte".
Palavra do Senhor.
No contexto social e religioso da segunda metade
do século VIII a. C., tal como Isaías, o profeta
Miqueias denuncia os pecados sociais, cometidos
pelos chefes, nomeadamente a casa real,
os sacerdotes e os profetas, que acabam por
arrastar para os mesmos crimes todo o povo.
O profeta não faz uma lista exaustiva desses
pecados, mas aponta alguns, que ilustram bem
a malícia imperdoável da opressão dos fracos.
O justo juízo de Deus é inevitável e não tardará.
Infelizmente, as situações denunciadas por
Ezequias, continuam actuais no mundo
em que vivemos.
O profeta usa expressões muito duras contra
aqueles que praticam tais atos, ameaçando
inclusivamente com o exílio, simbolizado pelo jugo
ignominioso anunciado ao seu povo:
Tenho planejado um mal contra esta raça, do qual
não livrareis o pescoço.
Nesse dia, o dia concreto que não tardará a
tornar-se escatológico, a desgraça converter-se-á
em motivo de sátiras e lamentações.
Será a completa humilhação.
Os grandes e poderosos roubaram terras e haveres
aos pobres, e perderão a Terra Prometida,
com todos os bens.
O castigo será feito da mesma matéria que o
pecado do homem.
Mas, um pequeno resto conservou íntegra a fé.
Por causa deles, Deus voltará a ter compaixão do
seu povo, dar-lhe-á uma nova fecundidade,
que lhe garantirá a subsistência.