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Armadilhas do empreendedorismo brasileiro: uma jornada de 40 anos revelando obstáculos e reflexões.

Empreender no Brasil é como navegar em um mar revolto, repleto de armadilhas ocultas e correntes traiçoeiras. Não basta ter boas ideias e competência; é preciso estar preparado para enfrentar um ambiente onde a ética, a inovação e a colaboração são constantemente desafiadas.

Compartilho aqui reflexões colhidas ao longo de 40 anos de experiência, um alerta para os navegantes desavisados e um convite à mudança para aqueles que sonham com um ecossistema de negócios mais justo e próspero.

A apropriação indevida de ideias é uma praga que assombra o empreendedorismo brasileiro. Inúmeras vezes, projetos e conceitos compartilhados em busca de parcerias se transformam em cópias descaradas, traindo a confiança e minando a inovação. Essa prática, alimentada por uma cultura permissiva com a corrupção e a desonestidade, cria um clima de desconfiança e inibe a colaboração.

A lenta absorção de novas ideias pelo mercado é outro obstáculo significativo. Ideias que plantei há 20 anos, que muitos pensam ser novidade hoje, revelaram uma preocupante defasagem. Essa resistência à inovação prejudica a competitividade e condena o país a um ciclo de atraso. A falta de apoio por parte de clientes e parceiros, que priorizam muitas vezes o preço em detrimento da qualidade, agrava ainda mais esse cenário.

As redes sociais, apesar do potencial para conectar e promover, também escondem suas próprias armadilhas. A dissonância entre o elogio virtual e a falta de apoio concreto revela a inveja e a resistência ao sucesso alheio. A “síndrome do santo de casa não faz milagre” impede a formação de redes genuínas de colaboração e limita o crescimento coletivo.

Ausência de reconhecimento da autoria intelectual e o plágio desenfreado, facilitado pelo uso de Inteligência Artificial, desestimulam a produção de conhecimento original. A superficialidade com que conceitos complexos são apropriados e difundidos contribui para um empobrecimento intelectual generalizado.

Exclusão de profissionais competentes, motivada por inveja ou protecionismo, e a valorização da “visibilidade paga” em detrimento do mérito, distorcem o cenário empreendedor e perpetuam a desigualdade de oportunidades.

A sub-representação feminina em posições de liderança levanta questionamentos a respeito das barreiras que impedem o progresso das mulheres no mundo dos negócios, o que pode revelar o desinteresse delas em ocupar esses espaços, uma vez que não concordam com a falta de ética de algumas companhias, o que, por outro lado, explica o empreendedorismo feminino de quase 45%, demonstrando que elas desejam assumir a liderança.

O empreendedorismo brasileiro precisa despertar para uma nova realidade. Romper com o ciclo vicioso da desonestidade, da inveja e da mediocridade é essencial para construir um ecossistema de negócios próspero e ético.

O futuro do empreendedorismo depende da nossa capacidade de valorizar a inovação, a colaboração e o mérito, criando um ambiente onde o talento e a ética possam florescer.

O desafio está lançado. A mudança começa por cada um de nós.

#empreender #empreendedorismo