Listen

Description

Amor Algébrico

de Euclides da Cunha

Acabo de estudar – da ciência fria e vã,

O gelo, o gelo atroz me gela ainda a mente,

Acabo de arrancar a fronte minha ardente

Das páginas cruéis de um livro de Bertrand.

Bem triste e bem cruel decerto foi o ente

Que este Saara atroz – sem aura, sem manhã,

A Álgebra criou – a mente, a alma mais sã

Nela vacila e cai, sem um sonho virente.

Acabo de estudar e pálido, cansado,

Dumas dez equações os véus hei arrancado,

Estou cheio de spleen, cheio de tédio e giz.

É tempo, é tempo pois de, trêmulo e amoroso,

Ir dela descansar no seio venturoso

E achar do seu olhar o luminoso X.





Declamado por Gilles