A linguagem neutra não é uma imposição linguística.
Muito menos um desejo de “manchar” a intocável pureza da língua.
A linguagem neutra é uma reivindicação, um pedido e um convite feito pelas pessoas que desde sempre não se sentem representadas nas convocatórias binárias da língua portuguesa.
Para que elas, essas pessoas, possam ser chamadas por aquilo que são.
E assim, se reconhecerem.
Se você nunca parou para pensar se o português, com seus pronomes e artigos, te incluí e te representa, é porque você é um corpo privilegiado que é contemplado pela gramática e pelos usos normativos da língua.
Mas pasmem: a língua e seus usos não são categorias imutáveis, monolíticas.
Pelo contrário, a língua é uma construção social, uma ficção arbitrária e que acompanha os movimentos do lugar onde ela é aplicada: a sociedade.
Ou você fala como Pero Vaz de Caminha?
Ou vai comprar seu KY na pharmácia da esquina?
Em suma, a linguagem neutra não é sobre você.
É sobre o outro.
Conceda.
Ou melhor,
Acate.
E não faça a fundamentalista da língua, com um livro de Gramática e um Aurélio debaixo do braço, fazendo as vezes da Bíblia.
Como diria Galileu, a terra gira. E a língua muda.
P.S final: Ah, e a linguagem neutra é sobre pessoas, existências, corporeidades.
Portanto não faz a locah de sair botando um “e” no final de palavras que são objetos ou coisas para debochar de um assunto relevante desse.
Vergonha é uma palavra agênera que serve pra todo mundo, mas não fica bem em ninguém.
Beija!
Siga-nos em nossas redes:
Instagram: @kuradorya
Facebook: Kunyn Kuradorya
e-mail: ku.radorya@gmail.com
YouTube: https://www.youtube.com/c/Kuradorya
#kuradorya #teatrokunyn #orgulhodeser #LGBTQIA+ #bixa
Referência do episódio:
MANIFESTO ILE PARA UMA COMUNICAÇÃO RADICALMENTE INCLUSIVA
https://diversitybbox.com/pt/manifesto-ile-para-uma-comunicacao-radicalmente-inclusiva/