Carvão para Mike
1
Soube que em Ohio
No início deste século
Uma mulher vivia em Bidwell
Mary McCoy, viúva de um ferroviário
De nome Mike McCoy, na pobreza.
2
Toda noite, porém, os guarda-freios lançavam
Dos trovejantes vagões da Wheeling Railroad
Por sobre a cerca, um saco de carvão no canteiro de batatas
Gritando apressados, com voz rouca:
Para Mike!
3
E toda noite, quando o saco de carvão para Mike
Batia na parede traseira do casebre
A velha levantava-se, cobria-se
Bêbada de sono, com o vestido, e escondia o saco de carvão
Presente dos guarda-freios a Mike, que estava morto
Mas não esquecido.
4
E ela levantava-se tão antes da aurora e escondia
O presente da vista do mundo, para que
Os guarda-freios não tivessem problemas
Com a Wheeling Railroad.
5
Este poema é dedicado aos camaradas
Do guarda-freios Mike McCoy
(Que morreu de fraqueza dos pulmões
Nos trens de carvão de Ohio)
Pela camaradagem.
(Bertolt Brecht)