Um dia silencioso.
Um desses dias frios,
de mortal tristeza,
o gesto de ódio fechado nos armários.
Um dia sem tortura normal
dos dias comuns.
No ar apenas a tensão palpável
dos seres sem defesa.
Um dia rigorosamente inútil.
Mas vem agora essa cantiga.
Uma vozinha miúda,
vinda não sei de onde,
e é como se todos a esperássemos.
Sabe tornar maior ainda o silêncio:
aqui um ato de amor
é sempre um desafio.
Como reconforta ouvir a voz
dessa menina sem nome.
Saber que resiste o brilho de seus olhos
iluminando a noite,
enquanto outras estrelas se reúnem
buscando nova luz.
Saber que a critatura humana resiste.
Saber que vencemos a última batalha.
(Pedro Tierra)