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O dia amanheceu impunemente, mas o vento sabia.

No mercado os índices suicidas se jogam das tabelas

enquanto o presidente encosta a arma na boca, mas não decide...

convoquem todas as tropas: está solto meu id.



Não sei por onde escapou, por quais

alçapões, paredes falsas,

trilhas na mata, por qual vereda deserta, em qual quilombo,

por qual labirinto, por qual janela, em qual jangada,

pelos olhos de quem... pelo corpo de qual amada?



Estava ali, triste e preso como sempre...

ainda ontem lhe neguei um beijo,

ainda ontem lhe pedi que esperasse,

ainda ontem lhe disse que não era a hora...



Estava inquieto, é verdade... pressentia.

para acalmá-lo li os horários dos vôos

marquei reuniões, expliquei a importância do trabalho,

pedi que medisse seu desejo pelo tamanho do salário.



Meu id está solto...

não levou relógio, esqueceu a agenda,

não levou roupa, não pagou as contas,

esqueceu de dormir e de comer...



No conselho de segurança o

medo brota...

F18 hornets entram em voo cego.

Sete estados mobilizam suas frotas

em auxilio ao meu pobre superego.



O pentágono e o papa vacilam

entre a bomba e a culpa

e nas fabricas paradas, os operários que tudo faziam

decidem produzir orgasmos  no lugar

de mais- valia.



(Mauro Iasi)