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Dona Vitória, aos 80 anos, foi responsável pela prisão de 30 criminosos, inclusive policiais militares. Fez tudo sozinha. Joana Zeferino da Paz nasceu em 1925, em Alagoas. Aos 25 anos, se mudou para o RJ, onde trabalhou como empregada doméstica e massoterapeuta. Em 1967, conseguiu financiar um apto na Ladeira dos Tabajaras, em Copa, onde moraria por 38 anos – e de onde só sairia obrigada pela polícia, por sua própria segurança. JZ já era uma moradora antiga quando o tráfico começou a se espalhar por sua vizinhança. Zeferino prestou várias queixas à polícia, que a ignorava ou insinuava que ela estaria mentindo sobre as denúncias que fazia. Determinada a retomar a segurança de sua rua, a idosa de então 80 anos gastou suas economias comprando uma câmera filmadora, e passou a documentar as atividades da boca de fumo pela janela de casa. Conseguiu a atenção de um jovem repórter do Jornal Extra, Fábio Gusmão, que a ajudou a dar continuidade à investigação, finalmente amparada pela polícia. Durante mais de um ano, Gusmão fingiu ser sobrinho da idosa para visitá-la semanalmente, enquanto policiais iam ao apartamento se passando por possíveis compradores do imóvel. A polícia precisou convencer a idosa de deixar o apartamento onde vivia e mudar de nome, entrando no Programa de Proteção à Testemunha. Em 2005, quando “dona Vitória” já tinha deixado o RJ, a polícia entrou na comunidade e prendeu mais de 30 envolvidos com o tráfico de drogas, dentre eles vários policiais militares, filmados pela idosa. As imagens registradas por dona Joana, e sua história como um todo, repercutiram internacionalmente, e a octogenária se tornou uma heroína nacional. Ainda assim, ela passou os 20 anos seguintes de sua vida vivendo no anonimato forçado, e só após sua morte, em fevereiro de 2023, seu maior sonho pôde se realizar: ter sua identidade verdadeira revelada. Joana Zeferino, já eternizada no livro “Dona Vitória da Paz”, de Fábio Gusmão, terá sua história contada em um filme protagonizado por Fernanda Montenegro