Léa Garcia foi uma das primeiras estrelas negras da atuação no Brasil. Com mais de cem obras de cinema, TV e teatro no currículo, Léa se tornou internacionalmente reconhecida com sua performance em “Orfeu Negro”, pela qual foi indicada ao prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes. Nascida em 1933, no RJ, Léa Garcia sempre quis ser artista, mas durante a infância sonhava em ser escritora. Foi ao conhecer o homem que viria a ser seu marido, Abdias do Nascimento, ator e dramaturgo, que Léa passou a se interessar mais por teatro. Em 1952, estreou no teatro com uma peça escrita pelo marido, “Rapsódia Negra”, encenada pelo histórico grupo Teatro Experimental do Negro. Em 1956, sua carreira ganhou ainda mais destaque com a peça “Orfeu da Conceição”, de Vinicius de Moraes, ensaiada na casa do ‘poetinha. A estreia foi no Teatro Municipal do Rio,com cenários de Oscar Niemeyer. Em 1959, a peça daria origem ao filme “Orfeu Negro”, que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro e garantiu à Léa Garcia o segundo lugar na premiação de melhor atriz no Festival de Cannes. A partir do final da década de 1950, começou a trabalhar mais na televisão, alcançando bastante proeminência nas novelas de Janete Clair (#mulherdefibra). Apesar de ter papéis de destaque, a TV exibia poucas estrelas negras, e muitas vezes Léa Garcia fazia papéis de empregadas e secretárias. Na novela “Escrava Isaura”, seu maior sucesso televisivo, Léa deu vida à sua primeira vilã, Rosa; apesar do reconhecimento, o papel também lhe trouxe problemas: a atriz chegou a ser agredida na rua por espectadores que não sabiam diferenciar realidade de ficção! Além de sua longa e variada carreira na televisão e no teatro, Léa também contribuiu enormemente com o cinema nacional, e ganhou quatro Kikitos no Festival de Gramado. Durante a edição desse ano, a atriz seria homenageada com um prêmio de reconhecimento pelo conjunto de sua obra. Léa Garcia estava em Gramado para o festival quando morreu de infarto, aos 90 anos.