Virgínia Quaresma era negra e lésbica, e foi a primeira mulher a exercer o jornalismo em Portugal. Nascida em 1882, filha de um oficial do exército com uma empregada doméstica, descendente de escravos, VQ cresceu em um ambiente de fortes convicções republicanas, que ela mesma viria abraçaria muito cedo. Passou tb a se interessar pelo ativismo social, mais especificamente pela defesa dos direitos das mulheres. Portugal ainda era uma monarquia quando Virgínia se assumiu homossexual, horrorizando a sociedade conservadora. Durante a juventude, tornou-se uma das primeiras mulheres a se graduar em Letras no país, e em seguida viraria a primeira jornalista portuguesa, em 1906. Em seus primeiros artigos, escreveria sobre racismo, feminismo e desigualdade social nos jornais. Em 1912, se mudou para o Brasil, onde reportou feminicídios e casos de violência contra a mulher para os principais jornais do país, enquanto mantinha-se ligada a vários outros jornais portugueses. Com isso, se tornou ainda uma pioneira do jornalismo investigativo. Voltou para Portugal em 1917, e de lá teria que sair novamente na década de 1930. Em função de seus posicionamentos políticos e de sua conhecida homossexualidade. VQ passou a ser perseguida pela polícia secreta do regime do Estado Novo português. De volta ao Brasil, viveu com sua esposa, e só retornou para Portugal depois da morte da companheira, já no final da década de 1960. Durante todo esse período, continuou ativa em sua carreira jornalística. Em 1973, Virgínia Quaresma faleceu, aos 90 anos, em Lisboa.