O conhecimento cientifico da medicina se constrói na prática experimental que reafirma sua eficiência. Sabemos que o olhar médico sobre a clínica das doenças muitas vezes se opera na lacuna de que são pessoas doentes que importam no conhecimento sobre a doença, e é dessa forma que os opúsculos médicos e os prontuários descrevem os casos e se celebram. Parece frio, mas é racional, e assim se opera desde tempos imemoriais, quando dissecar cadáveres era uma heresia que levava à fogueira da inquisição mediaeval. A historiografia da ciência e da saúde, diferentemente, tem a humanidade como objeto. Por isso, pensar em conhecimento em rede ou autorização social do conhecimento e o caráter de gênero como marcas das relações de poder-saber é o que distingue a historiografia feminista sobre o saber médico e as marcas sociais das enfermidades da pesquisa cientifica médica.
O tema de hoje é, ao mesmo tempo, instigante e doloroso, porque não podemos separar a pessoa do corpo que ela habita e da prática médica cambiante, transversada de interesses, situada e estigmatizada. Para falar da psicocirurgia e a influência de padrões de gênero no uso da terapêutica que marcam a história de um dos mais importantes hospitais do Brasil, o Hospital Psiquiátrico do Juquery, de São Paulo, vamos conversar com Eliza Teixeira de Toledo.
Eliza venceu o 7° Premio de Teses da ANPUH Brasil, de 2021... eu penso que isso significa que ela é uma pesquisadora de peso! E tem mais: ela é graduada e mestra em História pela Universidade Federal de Minas Gerais e doutora pelo Programa de Pós-graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz e, atualmente, desenvolve pós-doutorado na mesma instituição com estudo voltado para a análise dos impactos da violência de gênero sobre a saúde mental em uma perspectiva histórica.
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FICHA TÉCNICA
Segundas Feministas
Episódio 76: Psicocirurgia, gênero, corpo e controle (FIOCRUZ)
Convidada: Dra. Eliza Teixeira de Toledo
Equipe de Produção:
Direção Geral e Coordenção: Andréa Bandeira (UPE)
Direção executiva: Kaoana Sopelsa (UFGD) e Marcela Boni (USP)
Pesquisa e Roteiro: Andréa Bandeira (UPE), Kaoana Sopelsa (UFGD) e Marcela Boni (USP)
Locução: Andréa Bandeira (UPE); Kaoana Sopelsa (UFGD) e Marcela Boni (USP)
Voz: Indiara Launa Teodoro (UPE)
Edição de áudio: Andréa Bandeira (UPE), Natália Oliveira (UPE) e Indiara Launa Teodoro (UPE)
Pesquisa gráfica, Arte e Social media: Kaoana Sopelsa (UFGD), Maria Clara de Oliveira (Unimontes), Natália Oliveira (UPE), Sthefany Ribeiro e Ingrid Damásio (Unimontes-MG)
Coordenação de Educação: Natália Cavalcanti (IFPA)
Colaboração: Cláudia Maia (Unimontes-MG)
Trilha sonora: Ekena, Todxs Putxs (2017).
Realização e apoio: Universidade de Pernambuco/NUPECS; GT GÊNERO ANPUH Brasil; PPGH da Universidade Estadual de Montes Claros e ANPUH Brasil.
País/Ano: Brasil, Ano II, 2021.
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