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        Dicas de Escrita de Fantasia pelo escritor Mateus Bülow - 1. 

 Os três pilares da literatura fantástica.    

      Assim como uma casa é iniciada pelas suas fundações, a literatura fantástica possui uma base estrutural. Esses três pilares da fantasia são o Enredo, os Personagens e o Folclore; todas as dicas seguintes serão influenciadas pela presença desses elementos.

        O enredo, grosso modo, trata do rumo dos acontecimentos, incluindo até mesmo fatos anteriores ao presente estágio da história. Sua comparação poderia ser a de uma estrada na qual os personagens viajam, deparando-se com tudo o que for relevante ao desenvolvimento, até alcançarem a conclusão.

        Os personagens são como atores de uma peça teatral ou filme, construindo o rumo dos acontecimentos e fazendo a história ter vida, sem aparentar um teatro de fantoches ou de marionetes. Nem todos os atos dos personagens necessitam influenciar diretamente o enredo, e tais ocorrências devem ser estimuladas pelo autor, a fim de aprofundá-los e tornar suas ações plausíveis.

        O folclore, às vezes chamado apenas de “lore”, é o universo fictício em si, onde o enredo será desenvolvido e os personagens vivem. Enquanto em outros gêneros o folclore é mínimo ou irrelevante, na fantasia e em seus subgêneros ele não pode ser desprezado, pois este pilar carrega os aspectos responsáveis por definir uma obra como tal. O folclore na fantasia pode ser caracterizado de diversas formas: criaturas mitológicas estranhas, terras diferentes do nosso mundo, magia, superpoderes, mortos que voltam à vida, realidades históricas alternativas... Caberá ao autor definir.

     Apesar de contarem com igual relevância na fantasia, os três pilares não costumam receber a mesma atenção. A maior parte das histórias de fantasia é focada no enredo e nos personagens, enquanto o folclore servirá de “palco” ou “plano de fundo”; entretanto, alguns autores buscam incorporar maior atenção ao folclore interno de suas obras, a fim de complementar a percepção de plausibilidade em seus mundos fictícios.

        Essa atenção redobrada ao folclore durante a escrita pode se tornar uma armadilha para escritores deslumbrados com a própria criatividade, e aqui eu falo por experiência própria: nem sempre aquele detalhe genial terá seu espaço em uma história, e a insistência em colocá-lo no livro pode prejudicar os dois pilares anteriores. A melhor forma de contornar esse obstáculo talvez seja combinar a apresentação do folclore com o andamento da trama, como fez John Ronald Reuel Tolkien, autor de O Hobbit e Senhor dos Anéis.

Autor: Mateus Ernani Heinzmann Bülow.

*Mateus, o autor do Podcast de hoje, é gaúcho da cidade de Santa Maria/RS, Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Santa Maria (FADISMA), escritor, poeta e autor dos livros "Taquarê -- Entre a Selva e o Mar" e "Taquarê: Entre um Império e um Reino". 

 *Mateus Bülow está em parceria e colaboração com  Tatyana Casarino no Podcast "Literatura em Ação" no Spotify e no YouTube. O objetivo do Podcast "Literatura em Ação" é fornecer dicas e conselhos para jovens escritores. 

*Mateus também é colunista do Blogue "Recanto da Escritora" de Tatyana Casarino. Confiram o texto que ele escreveu sobre Literatura Fantástica no Blogue da Taty: 

https://tatycasarino.blogspot.com/2019/08/dicas-de-escrita-fantasia.html