Convidados: João Carlos Brum Torres, Cicero Araujo e André Marenco
Em 1989, Francis Fukuyama previu o fim da história. Tal como ele nos diz na introdução do Fim da História e o último homem (1992), teria no mundo pós-guerra fria um “notável consenso sobre a legitimidade da democracia liberal como sistema de governo, à medida que ela conquistava ideologias rivais como a monarquia hereditária, o fascismo e, mais recentemente, o comunismo”. Não suficiente, segundo ele, a democracia liberal teria conduzido a humanidade para o ponto final de sua evolução ideológica. Sem dúvida, tratava-se de uma afirmação pouco cautelosa que deixava de lado o fato de que os diagnósticos da crise da democracia representativa acompanhavam, desde seu surgimento, o que poderia vir a nos indicar que este seria seu estado constitutivo e não episódico. Não obstante, essa história de idas e vindas pareceu ganhar um novo capítulo quando a esse pessimista diagnóstico da crise acrescentou-se um ainda mais funesto: o da morte da democracia. O coro dos sinais da desconsolidação democrática, num alarmante sinal de reversão daquele diagnóstico precipitado de Fukuyama, ganhou então sua nota de popularidade com a expressão que dá título ao relativamente recente livro Ziblatt e Levistky sobre "Como morrem as democracias". Apesar dos diagnósticos retomados, reeditados ou realizados ao longo dessa jornada, não há uma explicação suficientemente clara e tampouco consensual sobre o que estamos a observar com as democracias liberais. Não deixa de ser curioso, no entanto, que a democracia, apesar do seu caráter polissêmico, afirmou-se como um valor para as sociedades contemporâneas ocidentais. Nesse sentido, para além de saber como e se elas estão a morrer, necessitamos determinar como as democracias sobrevivem. E, se porventura estão em risco, nos perguntar se faz sentido modalizar essa expressão e questionarmos como elas podem sobreviver.
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