Conversamos, neste episódio, com Marina Colerato, formada em Moda, fundadora do Modefica e colunista da Elle Brasil. Marina estuda economia política, ecologia e gênero e falou com a gente sobre moda, sustentabilidade e economia. Quando pensamos em moda, muitas vezes o que vem à nossa mente são imagens relacionadas à glamour, cor, estilo, coleções e tendências. Porém, um olhar mais aprofundado sobre este universo revela uma realidade mais complexa, perversa e desafiadora, já que para além de um produto, a moda é também uma importante indústria, que como toda indústria de nosso tempo, tem como finalidade última a obtenção do lucro. Composta pelos setores têxtil (fiação e tecelagem), vestuário (confecção de roupas e acessórios), couro e calçados, a indústria da moda foi responsável por cerca de 8% de todos os gases de efeito estufa emitidos em 2018, ou seja, 1,2 bilhão de toneladas de CO2. Esta indústria está envolvida também em grandes tragédias, como, por exemplo, o desabamento de um prédio em Bangladesh onde eram produzidas roupas para marcas internacionalmente conhecidas como a cadeia americana de supermercados Walmart, a Gap e a H&M e que levou a morte 1127 e deixou dezenas de desaparecidos e feridos. Além disso, segundo estimativas do Censo do IBGE (2010), o setor é responsável por empregar cerca de 2,6 milhões de trabalhadoras e trabalhadores. Como 75% desta força de trabalho é feminina, são elas, as mulheres, que mais sofrem as violações de direitos que a condição da informalidade impõe. Além disso, a industria da moda no Brasil enfrenta outros problemas, como a presença de trabalho infantil, trabalho análogo à escravidão e trabalhado em domicílio.