Autor: Pe. André Delvaux, L.C.
A alegria é das coisas mais fascinantes da vida. Claro: quem não quer viver alegre todos os dias! E que delícia é conviver com alguém autenticamente alegre, de trato agradável, sorriso sincero, habitualmente bem disposto e confiante, e até sereno nas dificuldades. Alguém assim com frequência inspira, motiva, cativa e até: transforma o mundo à sua volta.
Há pessoas que parecem ter o dom da alegria. Mas, há um dom anterior a esse: a esperança; e a alegria é seu fruto. A alegria cristã nasce e é sustentada pela esperança teologal. Na espiritualidade do Regnum Christi, falamos de uma esperança firme e gozosa.
Esperança e alegria podem parecer sentimentos contraditórios: como ser feliz enquanto não se alcança o que se busca e, humanamente, nem se pode ter certeza de conseguir?
O catecismo assim define a esperança: “é a virtude teologal pela qual desejamos como nossa felicidade – ou seja: aquilo que vai nos fazer felizes – o Reino dos Céus e a Vida Eterna, pondo nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos não em nossas forças, mas no auxílio da graça de Deus”.
É uma experiência como a de Abraão – o Senhor lhe disse: - “Sai da tua terra. Vai para a terra que eu te mostrarei”. Creu sem ver, partiu sem evidências, confiou sem garantias a não ser a mais segura de todas – que procede da esperança: a promessa de Deus e o próprio Deus como fiador. A este respeito, São Paulo dirá: "Ele creu, contra toda a esperança" (Rm 4,18). Passaram-se muitos anos desde a promessa; e Abraão continuou confiando. Todos nós somos beneficiários e testemunhas do cumprimento da promessa – uma terra, uma descendência, um salvador. E o Senhor nos convida a viver a mesma peregrinação com o mesmo espírito para obter os mesmos frutos.
Porém, ao mesmo tempo, a esperança a que somos convidados não é exatamente a mesma de Abraão: pois ele não viu nem a terra, nem a descendência, nem a salvação. Nós somos a descendência, recebemos a salvação e conhecemos o caminho para chegar à terra prometida. Nossa esperança se apoia não numa promessa, mas na sua realização: Cristo já triunfou.
Em poucas palavras, a razão e garantia de nossa esperança e alegria é: Cristo ressuscitou, está vivo e presente, como Na tarde daquele dia, que era o primeiro da semana, quando Ele entrou no lugar onde os discípulos se encontravam escondidos por medo dos judeus. “Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: “A paz esteja convosco!”. Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor." Que profunda alegria!
Por isso, afirmamos que nossa esperança é firme: porque se apoia sobre a ação poderosa e vitoriosa de Deus na História. Por isso, afirmamos que é gozosa: porque possuímos já agora o que esperamos: a ressurreição e os novos céus e a nova terra, onde, em palavras de São João (Ap 21,4): O Senhor “Enxugará toda lágrima de seus olhos, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor, e nem dor haverá mais".