Pe. André Delvaux, L.C.
Tudo começa de modo surpreendente e desproporcional: umas breves palavras, algumas gotas de água e a fé: e, diante de nossos olhos, o grande milagre acontece: o Criador do universo vem fazer sua morada na alma daquela pequena criatura faz dela sua filha amada e lhe concede, entre outros dons, e ainda que em germe, a fé. E nada na vida dela poderá jamais ser igual ao que era antes. Assim é o batismo.
Assim começa uma relação dinâmica e infinita de amor com Deus que [chamamos de vida espiritual] e que deve se desenvolver ao longo de toda a vida. Uma maneira de alimentá-la é exercitando a virtude teologal da fé.
A fé é um dom divino, e a viveremos, de acordo com nosso carisma e espiritualidade, a partir de nossa experiência do amor de Cristo – “caritas Christi urget nos” - podemos até dizer: uma fé ao estilo Regnum Christi – uma fé luminosa e operante.
Os dois adjetivos se referem a dois efeitos essencias da fé, como a define o catecismo da Igreja Católica: §150 A fé é primeiramente uma adesão pessoal do homem a Deus; e o assentimento livre a toda a verdade que Deus revelou.
Isso significa que a verdade revelada por Deus - especialmente através de seu Filho - deve 1º iluminar nossa inteligência e 2º mover nossa vontade; quer dizer: a fé, por um lado, me dá a chave de leitura para entender todas as coisas - o mundo, o ser humano, o sentido da própia vida e o próprio coração de Deus - é um conhecer a partir de Deus. A fé nos faz confiar em Deus que nos revela todas as coisas e a si mesmo, e nos faz saber que não inventamos aquilo no qual cremos e que Ele, embora invisídel, é real. O autor da carta aos Hebreus afirma (11, 1): «A fé constitui a garantia dos bens que se esperam, e a prova de que existem as coisas que não se vêem»
Por outro lado, a fé deve orientar nossa vida, cada uma de nossas ações; porque, está a fé alicerçada sobre a verdade revelada, precisamos pensar, falar e agir segundo o que é verdadeiro – não podemos nos permitir enganos nem incoerências. Temos a necessidade de atuar em conformidade com o coração Daquele que cria e governa todas as coisas para nosso bem. E o faremos a partir da experiência genuína desse Cristo que nos revela o amor de seu coração, e por amor - em palavras de SP - “se entregou a si mesmo por nós (Ef 5:2)”.
Como costumamos dizer: encontro com Cristo, compromisso com Cristo – porque a fé de verdade compromete, porque é próprio do amor comprometer-se e comprometer-se por inteiro. Por isso, compreendemos que fé e vida não podem se separar jamais; e pela fé, entendemos que a vida é o lugar de nossa missão, da missão de dar vida àqulo que se crê em nossa vida e na vida do mundo.
Em palavras de São Tiago: "14.De que aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso essa fé poderá salvá-lo?" "26.Assim como o corpo sem a alma é morto, assim também a fé sem obras é morta."