Autora: Elisa, consagrada
MARIA, MULHER DA ESCUTA E DA ESPERA
A nossa Redenção nasce do coração de Deus; de suas entranhas de misericórdia. E se concretiza no tempo, através de uma mulher. Graças ao sim de Maria, mulher da escuta; mulher da espera; mulher da esperança; mulher do cumprimento das promessas de Deus. “Chegada a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Fillho, nascido de uma mulher, nascido sob a Lei, para resgatar os que estavam sob a Lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial” (Gal 4, 4)
“O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra; por isso o Santo que nascer será chamado Filho de Deus” (Lc 1, 35)
O Verbo se faz carne no seio de Maria; é Ela quem acolhe em primeiro lugar a salvação de Deus; o próprio Salvador. Maria: mulher que permanece à escuta. Mulher que, nessa escuta, percebe a voz de Deus e se deixa penetrar pelo seu Amor, pelo Espírito Santo, para dar vida. O amor é criador, é expansivo, é fecundo por natureza.
O número 19 do Estatuto do Regnum Christi nos convida a uma atitude de escuta e docilidade ao Espírito Santo:
“O Espírito Santo, consolador e doce hóspede da alma, é o guia e artífice de nossa transformação em Cristo e da fecundidade apostólica. Por isso, cultivamos uma relação íntima com Ele e buscamos ser dóceis às suas inspirações para caminhar com parresia pela senda da vontade de Deus”.
Maria é para nós o modelo de quem sabe escutar e se deixar guiar e transformar pelo Espírito, para dar vida. Escutar e esperar precisam de fortaleza. São os espíritos fortes na fé que permanecem à escuta sem desistir, certos da fidelidade de Deus, que sempre responde para o maior bem dos que o amam. Maria viveu muitos anos à escuta; Ela não imaginava nem suspeitava a grandeza da sua vocação e missão, mas permaneceu atenta; permaneceu fortemente ativa no silêncio, na oração e no serviço; nas pequenas e grandes escolhas por amar, por sair de si mesma em prol do outro; no discernimento diário do querer de Deus; nas opções por viver a santidade sem sua realidade. Espera ativa de quem crê, e cada dia colabora ativamente com a ação de Deus nela mesma e ao seu redor. Quando pensamos em espera, muitas vezes pensamos em algo estático; nada mais longe do que isso. Enquanto Maria espera, está fortalecendo o amor e o desejo pelo Amado; enquanto Maria espera, com a sua vida clama “Vem, Senhor” e trabalha ativamente para que Ele venha. E quando Ele vem, Maria o acolhe com prontidão, com alegria e com fé, porque é por quem Ela esperou todo esse tempo. Maria encarna nela mesma a unidade da contemplação e da ação. Ela é, por excelência, a discípula contemplativa e evangelizadora: contemplando na vida, se encontra com o Deus Amor que sai ao seu encontro a cada momento; e a contemplação se transforma em evangelização, seja pelo serviço ativo, seja pela intercessão e na oração.
Maria é a mulher da escuta ao longo da vida; também da espera. Escuta e espera na Anunciação em Nazaré, em Ain Karim com Isabel, no presépio de Belém, aos pés da cruz em Jerusalém, no Sábado Santo, e à espera do Espírito Santo, em Pentecóstes.
Mulher de escuta, mulher de espera. Mulher forte na fé e no amor. Nos ensine a ser homens e mulheres de escuta e de espera, para deixar o Amor penetrar o mais profundo de nós, e assim colaborar com o Senhor na tarefa da evangelização dos corações e da sociedade.