Sexta-feira Santa
David Santos
Traído por um beijo, vendido por algumas moedas, preso pelo desejo de seus sacerdotes, torturado pelo império e assassinado frente aos amedrontados olhos dos seus.
Um judeu marginal que dava dignidade aos marginalizados, que trazia à vida os mortos, que manifestava a alegria do viver em suas ceias, até aquela derradeira, onde lavou os pés.
Nem o canto matutino do galo encorajou, em procissão carregou o madeiro de sua cruz, foi de face ao chão e no entardecer foi erguido sobre a cabeça dos homens e das mulheres.
De seu peito jorrou a água da vida e de seus lábios soou o pedido de perdão. Suspira e brutalmente morre o único homem justo, nascido de mulher e divino.
No templo o véu se rasga diante da injustiça e a mansão dos mortos se dobra diante do cordeiro de Deus, da redenção.