A lógica de Mário Quintana
Muitas vezes meus alunos me perguntam o que Antropologia
estuda. Eu sempre me lembro das coisas deste mundo, desta simbologia que nos
persegue no dia a dia. Esta carga imensa de significado que diz muito de nós e
até o que não sabemos sobre nós mesmos.
Veja, eu curto texto de Mário Quintana há muito o que
aprender:
“Em todos os aeródromos, em todos os estádios, no ponto
principal de todas as metrópoles, existe – de modo que, se esta civilização
desaparecer e seus dispersos e bárbaros sobreviventes tiverem que recomeçar
tudo desde o princípio – até que um dia também tenham os seus próprios
arqueólogos – estes hão de sempre encontrar, nos mais diversos pontos do mundo
inteiro, aquela mesma palavra. E pensarão eles que Coca-Cola era o nome do
nosso Deus!”
Esta é a afirmação mais emblemática de Quintana ao desvendar
os nossos símbolos. Como eles chegaram até nós e os efeitos que são capazes de
fazer em nossas vidas.
Você pode sorrir e dizer que chamais a Coca-Cola será o
nosso Deus. Porém, reflita. Ela consegue estar do lado que opostos se
identificam por negação a um determinado valor.
Judeus e muçulmanos travam conflitos, mas Coca-Cola está nos
dois lados inquestionavelmente. Os seguidores da “direita” e da “esquerda” tem
inconciliáveis posições, mas podem argumentá-las com o mesmo refrigerante nas
mãos.
A Coca-Cola tem no vermelho sua cor principal, porém, isso
não faz com que os adeptos do capitalismo a olhem como um símbolo da propaganda
stalinista. Até o Papai-Noel se vestiu de vermelho para poder ser seu principal
garoto propaganda.
Sim, você pode ter razão, Coca-Cola nunca será o nosso Deus.
Mas, quem de nós estará vivo daqui a milhares de anos para dizer isso? Pelo
menos segundo o texto de Mário Quintana.
Nem sempre o que cultuamos acreditamos