Infantis e armados não são novidade
Já falei aqui e falo quantas vezes for necessário. O autor
dos disparos em uma escola estadual em Cambé, ontem, segunda-feira, que tirou a
vida de uma estudante de 15 anos e deixou outro adolescente em estado grave,
não é um doente mental.
Nós estamos produzindo estes seres humanos em série e alguns
deles dão o sinal dos riscos que produzimos diariamente.
Agora, em nome da falsa liberdade, o que se tem é falta de
limites, produzimos um ser adulto com uma mentalidade infantil. Só uma mente
infantilizada deseja a vingança de um sentimento que não sabe lidar, de um
problema que é seu e que deve resolver.
Estamos empoderando as pessoas de um sentimento de egoísmo
autorizado. Agora, as dores pessoas, os traumas particulares, os problemas de
conflitos pessoais que todos nós temos, não se resolvem mais no mundo privado.
O autor dos disparos na escola em Cambé confessa que queria
matar mais gente. Que planejava o ato de “vingança” porque tinha sofrido
bullying na escola quando era estudante. Ele estudou na escola em 2014 e
durante quase dez anos planejou a vingança.
O assassino ficou um tempo considerável de sua vida
alimentando um ódio que foi seu único objeto de interesse. Para o autor dos
disparos, a mente infantil, nada que ocorreu nestes 9 anos foram o suficiente
para o faze superar o suposto “trauma”.
Vingança alimenta ódio e rancor. Isto que estamos fazendo
diariamente e já por um bom tempo praticamos. Consideramos, como crianças, que
a vida se divide entre os bons e os maus. Somos tão tolos que não temos a
capacidade de entender que os seres humanos são contraditórios e angustiados
por natureza.
Esta sociedade idolatra uma fantasia da felicidade perpétua
e do ódio permanente. Saboreamos a luta dos extremos porque não conhecemos a
resiliência e o equilíbrio com condição humana.
Observe nas redes sociais, no dia a dia, o que as pessoas
pregam, defendem, idolatram. Perceba o quanto se alimenta o ódio e a vingança.
Muitos já foram idolatrados com o discurso da agressão.
O que o jovem, de 21 anos, que tinha uma vida de pelo menos
mais 60 pela frente, fez foi trocar o futuro por um momento de frustração e
dor. Ele trocou uma vida inteira por um instante de vingança.
O que o ato insano do atirador lhe deu foi um longo tempo
para se arrepender. Não por acaso, infantil e tolo, queria se suicidar para
não pagar o preço e as consequências do ato que fez.
Quando vamos aceitar que o alucinado assassino é fruto de um
modelo de ser humano que estamos produzindo em série. Imediatista, egocêntrico
e limitado na compreensão do que a vida em sociedade.
Resumindo, o invasor da escola, que matou alunos, teve falta
de educação e voltou ao local onde o que restou em sua memória foram ofensas
para promover sua vingança.
O caso em Cambé é mais um...
Cultivamos o ódio e colhemos assassinos em série
Trocou uma vida inteira por um instante